Deixa que estas palavras atravessem o Espaço
E dá-me a Alegria imensa de Viver!
Alinhei as palavras na mesa
Não vou negar o dizer de palavras
Do teu coração,
Deixa que se acendam
As velas do Teu Altar,
E rodeado de Luz …
Tu sejas a Luz Comigo.
Podia dizer-te,
Estive tão longe de ti …
Mas não seria Verdade …
Estive sempre … Tão perto!
Meu Amor! Meu Amante! Meu Amigo!
Florbela Espanca
Um poeta é livre… É livre dentro do seu coração!...
Maria Luísa
Amante
Palavra usada e abusada,
Incompreendida, machucada,
Noutros tempos
De botequim,
De vielas,
De esquinas,
De Severas e Marialvas.
Substituída por outra
Sem encanto,
Sem paixão,
Sem força,
Símbolo do Nada!
E esta?
Gritante de Amor,
De Simbolismo,
De Força,
De feitiço,
De encanto,
De Pecado.
Eu não dou vida
À outra!
Não quero! Não gosto dela!
E tu gostas?
Amas a outra,
Não lembras esta,
Porquê?
Por pudor
Ou desprimor?
Numa época,
Em que as duas palavras
Estão banidas,
Esquecidas,
Perdidas,
Por desamor?
Ou o significado
È o mesmo?
Não é!...
A outra é insosso
E não diz nada!
Maria Luísa
…apenas O podia olhar e ver
…apenas ela e não os outros,
Quem sabia a razão da sua chegada?
Quem notou no seu sorriso
A graça dessa Presença?
E as velas diáfanas acenavam, quais pombas brancas,
Acenavam num convite à viagem final.
Olhou á sua volta os locais, ainda não abandonados
Uma saudade prematura a envolveu,
O horizonte brilhava com toda a Sua pureza…
Aguardava a próxima maré…
Ela sabia que não podia fugir
À solidão das noites e à incerteza dos dias…
Nada estava concluído!
Levantou os olhos Àquele que não via
E pediu algum tempo mais…
…E iria, apenas, quando o Barco cumprisse a sua volta…
Teria de descobrir
Uma nova forma de estar,
Uma nova forma de acreditar,
Uma nova forma de dar.
E Ele entendeu…
À distância acenou com um lenço branco de despedida,
Retornaria um dia…
E tomando a cor do Oceano,
Esfumou-se lentamente…
E ela retomou a caminhada
…Ao encontro da Vida.
Assumo a minha responsabilidade de Poetisa
Num mundo em que a” Poesia Morreu”.
Gostas do Amor
Ou de sentir o Amor?
Sabes?
Tens a certeza do caminho
Para o encontro,
Tens?
Alguém te ensinou,
Alguém te encaminhou,
Alguém te deu a mão,
Alguém te compreendeu,
Alguém te chamou,
Alguém contou as tuas horas
Feitas dos teus silêncios
E daquela solidão
Só tua…
Alguém o fez?
Fez?
E nunca te deixou?
Deu carinho e falou,
Ou não falou?
Alguém tomou
O teu lugar
E te embalou nos seus braços,
Quando morrias de cansaço,
Alguém fez isso?
Se assim aconteceu,
Diz-me o “Porquê”
Desse Milagre.
Que bom!
Mas nada disseste
Sobre isso…
Por temor de ti própria
Ou pelos OUTROS?
Diz…
E outra!
Hoje idealizei o amor – o amor que não esquece e aquece tudo
à sua volta;
Hoje eu esperei que viesses ao meu encontro e me falasses da tua nova descoberta,
Do teu novo mundo e da influência desse mundo, no teu e no meu sentir;
Hoje voltei-me toda – de corpo e alma – para a necessidade urgente do amor que nos acompanha para além, das inúmeras fronteiras de todos os mundos;
Hoje calei a voz do Oceano agreste e áspero e apenas ouvi o murmúrio das ondas a bater, nas areias douradas da nossa praia;
Hoje escrevi com antecipação, os acontecimentos narrados por alguém que sente tudo ter perdido – e não perdeu!
Peguei naquele sentir e introduzi junto ao meu, ao calor da minha insensatez e da minha lealdade…
Hoje, idealizei tudo revestido de amor e a própria Natureza se apaziguou, na sua ira de destruição;
Hoje te entreguei este sentir, tão mal entendido e por vezes repudiado;
Hoje voltei com a sensação de não ter partido e ouvi, ao longe, o soar dos sinos, na última Homenagem a Alguém que partiu…
Hoje pedi o entendimento do que escrevo, misturado de vários sentimentos e sons de outros tempos;
Hoje estive contigo e nunca me afastei – pois tu ouves o meu Silêncio e sentes o calor profundo, do que digo – e quantos entendem e sentem esse calor? E confundem o que Não Digo? Quantos, quantos, Meu Amor?
Hoje te dei tudo … E nada pedi, em troca desse tudo …E podia ter pedido!
Hoje tornei a ganhar, este amor que nos tem unido e espero contigo o teu despertar para sentir, uma vez mais, o teu Calor e o teu Olhar.
Maria Luísa
Nada resta de Ti na exaltação deste Mundo …
Das recordações passadas,
Só os momentos de angústia ficaram
E a solidão espiritual dos últimos instantes.
Não podes levantar-te e reatar um diálogo,
Há tanto esquecido …
Procuro respostas nas coisas vivas da minha existência;
Debruço-me para escutar os amigos, os desconhecidos,
Aquele que buscam compreender os mistérios da morte.
Mas todos estão surdos à minha volta,
Ninguém escuta o meu silêncio,
Ninguém entende o que não digo;
E quem responde às minhas perguntas impossíveis?
E o turbilhão é profundo e penoso …
Parece uma cruz invisível que nada alivia
E deambulo por caminhos ignorados,
Na minha imensa procura;
E sofro – por tudo quanto não te foi dado,
Por tudo quanto já não te posso dar.
Mãe onde estás e onde estou eu?
Procura no silêncio
Do teu coração
Deixa que se acendam
As velas do Teu Altar,
E rodeada de Luz …
Tu sejas a Luz Comigo.
Podia dizer-te,
Estive tão longe de ti …
Mas não seria Verdade …
Estive sempre … Tão perto!
Sonho e dou realidade ao meu sonho:
Encontro-me no Reino do Amor …
Procuro os da minha imensa saudade
E vejo-os, ao longe, caminhando
Ao meu encontro …
E eu canto a minha Alegria!
São muitos … mais do que poderia desejar …
Tantos anos doloridos,
Sem os encontrar …
Benditos, Benditos, Benditos,
Aqueles a quem amei! …
Um poeta escreve a sua prosa
Escreve e põe nesse escrever
A sua alma, feita da sua verdade
Ele diz e expressa sentimentos em palavras…
Ele torna possível que este e o outro
Se defina e sinta…
Entende o amigo
Esclarece o desconhecido
… Como só ele sabe fazer.
Mas não tem Pátria
Não pertence a qualquer lugar do mundo
Distanciou-se, mercê desse Dom…
Pertence aos que dispersos imploram
A entrada no Templo Sagrado.
Diz coisas que encantam as gerações
… Mas não encontra a sua própria felicidade
Isolou-se do mundo
E de si próprio
PERTENCE AO UNIVERSO!
Transpôs o Limiar de Uma Porta Fechada
… Assim em solidão
E não de outra forma.
Não sou Poeta
Não sou nada,
Sou apenas isto que lês.
Mas te peço,
Percorre Comigo o Espaço …
E reflecte-te na Luz de ti próprio
E ascende, nessa mesma Luz …
E Sê livre …
O Infinito está à nossa espera,
E Lá podem descansar
E encontrar,
O que nos pertence
AQUI E AGORA …
O HOJE,
NADA NOS PODE DAR …
Fala-me desse Mundo,
Para que eu sinta
Que Ele ainda me pertence,
Para que eu saiba
Que caminho ao Seu encontro,
Para que tudo quanto me ouve ou me lê,
Compreenda e sinta …
A Beleza que me dás
A cada instante.
Vem, bem junto de mim
E deixa que descanse,
A cabeça dolorida
E o coração sangrando,
Por tudo quanto não posso dar.
Deixa que estas palavras
Atravessem o Espaço,
Ultrapassem os pensamentos
Nebulosos e mundanos …
E dá-me, a Alegria imensa de VIVER.
Sou a solidão de Alguém
Ou de mim mesma,
Perdida no caminho! …
Fala-me desse Mundo
Para que eu sinta que Ele ainda me pertence,
Para que eu saiba que caminho ao seu encontro,
Para que tudo quanto me ouve ou me lê,
Compreenda e sinta …
A Beleza que nos dás a cada instante.
Vem ao meu encontro e deixa que descanse
A cabeça dolorida e o coração sangrando,
Por tudo quanto não posso dar aos outros.
Deixa que estas palavras atravessem o espaço
Ultrapassem os pensamentos
Nebulosos e mundanos …
E dá-me a ALEGRIA IMENSA DE VIVER.
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