Uma onda
Vinda do Teu Mar
Bateu em mim,
Diluiu-se em espuma
Reflectiu-se em Ti …
Apressei o caminhar
Corri ao Teu encontro
E juntos,
Como seres da Natureza
Reunimos os pedaços dispersos
Aqui e ali …
E construímos
Os nossos Poemas de Amor
Feitos da espuma do Mar!...
Saímos a passear
A contar as ternuras
Do instante
A louvar a Beleza
E a amar,
Naquele Amor
Constante
Do nosso ser,
Tudo foi
Um reencontro
De uma visão passada
Tornada Real,
Como tudo
Quanto nos juntou
Neste lugar
E no outro …
E deixou
De haver separação
Apenas o encanto
Meu e teu
E este Amor,
Tão fácil de dizer
E difícil de entender.
Que importa o nome …
Mas tu existes
E sempre que posso,
Caminho para ti,
E tu entendes …
E dás o esquecimento
Do sofrimento,
Da minha condição humana.
Possa sempre ficar contigo,
Ouvindo o teu coração pulsante
E o teu Silêncio …
Feito dos versos que te digo.
O Vento canta
Uma canção distante,
Levanta a areia da praia
E tudo rodopia à sua volta,
Naquelas tardes quentes
De águas tão frias,
Brilhantes
Cantantes
Coloridas
Da cor do Dia.
Leva para longe
A nostalgia
Deixa um areal diferente
E sinto quanto caminhas
Ao som desse Vento.
A areia ondula …
Mostra tesouros
Jóias do Mar e da Terra
E aquele Vento
Quente
Agreste
Rodopia contigo.
Vejo o arvoredo
Ondeando levemente
E as ondas sussurram
Reflectindo o Firmamento.
Alguém a contar
A tentar lembrar
A tua história.
E sempre os Poetas
Santos e Eremitas,
Escutam …
Como Eles sabem escutar …
E o teu falar
Levado nas ondas do Mar
Agitado e convulso
E o Vento
De Terras distantes …
É teu e um pouco,
Meu …
Para além de tudo! …
Sabes?
Agradeço tudo quanto me dás,
A possibilidade de te sentir
E escrever.
Pulsa um coração forte
No teu interior
E sinto em Ti uma mulher
Possante, hercúlea, bela
Como Valquíria
De cabelos ao vento…
Num local flamante
Um pedaço do Paraíso.
Pertences à Terra!
E mais…
À minha terra!
À minha vida!
Aos meus sonhos!
A TUDO QUANTO AMO.
“A Arrábida não é deste mundo.
Depois dos cabreiros, é dos eremitas e dos poetas”
Vitorino Nemésio
Fora das tuas águas
As rochas
Perdem a vida …
A frescura,
O musgo
Verde-escuro.
Tudo morre …
Cobre-as de novo
E leva-as contigo
Ao local escolhido,
Onde o profano
Não possa chegar!...
Não sou viajante
Do Espaço
E aceito …
Esta forma de viver
E saber …
Não há esquecimento
Apenas lembranças …
Nada faz sentido
Sem as Palavras!
Maria Luísa Maldonado Adães
“Da Cor do Mel e do Leite”
Vem ao meu encontro
Companheiro das ilusões
Fica e conta …
Diz
Dessa forma terna
Tão cheia de Tudo …
É este o lugar?
Não esqueci o Caminho?...
Senti o cheiro
Das Flores
E do Rosmaninho.
Adormeci …
Sonhei … E vi …
O romper da Manhã,
O Sol,
O encanto do Mar,
E barcos a navegarem
Ao longe …
Dá-me o pensamento
Das coisas,
Esquecidas por mim …
Deixa-me cantar!...
Eu sei cantar!...
Canções dolentes
Nas tardes quentes
E no entardecer …
Esqueço
Esta condição
De Peregrina …
E sou como Tu
Reflectida no Mar!...
Vem noite silenciosa
e extáctica,
vem envolver na noite, manto branco
o meu coração ...
“ Da Cor do Mel e do Leite
Escrevo
E penso em Ti
Perto e longe
De mim …
Deixa reencontrar
A simplicidade perdida
Esquecida,
Pela dor do Mundo …
…Sê o meu Mundo!...
Olho e temo
O escuro
Das Tuas Grutas.
A descida,
A dificuldade
Da subida …
Ter força
E subir …
Encontrar a Luz
E ficar …
Estou no Mar
Olho o teu cimo,
Penso nos Deuses
Que te protegem
E te guardam,
Sentinelas vigilantes
Da tua Grandeza.
Olho o Espaço,
O Infinito ao longe,
E esqueço quanto escrevi …
Aquele falar de coisas
Que tu não entende
Há umas Rosas
Nas tuas grutas
Escondidas,
Ao olhar profano
Dos mortais.
Apenas acordam
Ao sussurro do Vento
E se mostram para ele
A uma intimidade maior.
E tu não és indiferente
A tanta solicitude
Agreste ou cândida
E ondulas as tuas vestes,
Levemente as levantas,
Repletas de cores
Brilhantes de Sol
E luz das Estrelas
NUM CONVITE FINAL!...
Também te quero falar,
Da beleza da minha terra,
Do meu Mar
Da minha Serra.
Acolheu tantos eremitas
E apesar das agressões,
Continuam os cactos a florir,
Mil flores quase desconhecidas,
Nascem na minha Serra
E contemplam o mar,
Reflectem-se nas águas límpidas
E elas dizem no seu sussurrar,
O Planeta é brilhante,
Transparente, lúcido, benevolente.
E eu numa dessas grutas,
Nesse ambiente de quietude,
Sinto sempre …
O sofrimento nos bastidores do mundo
E tira a Harmonia a tudo …
Mas ela … a Serra de todos
Mais o Mar … é diferente …
Fala de Amor …
E vejo-me espelhada
Nessas águas de Paz.
Frei Agostinho
Das horas derradeiras
Dos meus silêncios
Das minhas caminhadas,
Quem mora para além
Das tuas grutas
E me fecha as portadas
E me faz entrar
Como mendiga
E me trata
Como se fosse NADA?
Empresta-me o teu manto
O teu capuz de frade
O teu bordão de caminhante
Diz-me onde estou e quem sou
E ajuda-me a encontrar
E a estar junto ao teu lugar! …
E o meu Amigo encantado
E as nossas festas
Sem pecado?
Responde ao chamado!
Eu quero entrar
Ficar e orar
Descansar e amar …
Neste lugar.
Quero regressar!
_ Eu não quero cantar-te, minha Amante,
Minha Mãe, minha irmã, minha Senhora:
Eu só quero entender-te toda a vida
Serra e Mar
Onde estás?
Onde moras?
Quando voltas?
Não esqueças
Este sentir
E o amor por ti!...
Somos teus filhos
E TU ÉS A MÃE! …
Maria Luísa Adães
Estou na Serra; na nossa Serra … Nossa Mãe.
Eu e Tu …
Sentimos o perfume das flores; olhamos as árvores e elas apresentam outras cores … mais vivas e alegres.
O Ar à nossa volta é mais leve; o Vento tem uma voz diferente.
Há mais barcos sulcando o mar. Barcos de todos os tamanhos e de todas as cores.
As nuvens correm traçando desenhos ao nosso gosto. Ligeiramente acinzentadas e brancas, como Anjos da Corte de Deus.
Descem da Serra, misturam-se ao Mar.
Olhamos o cimo e lá se encontram as Sentinelas, vestidas de outros tons.
Os habitantes da Serra saíram das grutas e retocam as árvores e as flores. Trabalham na beleza da Serra e ela, debruça-se olhando o mar e sente-se brilhante e feminina; e gosta… a juventude está igual a ela própria, reflectida no imenso espelho à sua frente. Fonte da Vida, de limpidez angélica.
Sinto-me feliz no descobrir de Tudo, quanto não seria possível ver – sem Ti…
Aquele Amigo diáfano caminha na areia da praia; não foge; flutua nas suas asas da cor do mel e do leite, qual Querubim brincando.
E sei! A Primavera voltou … O Inverno passou!...
Cantas e danças
Ao Luar
Iluminas o Mar
Calas o Vento
Transformas a Noite.
Envolve-me no feitiço
Da Noite
Do Luar
Do Vento
E do Mar.
Prende-me
Nos teus braços
E dança,
Canta
Como tu sentes
Como tu és …
E eu danço Contigo!...
Um dia …
Ouvi alguém assobiar
O canto
Do teu Vento
Batendo na Asa Delta,
Sonho dos homens
De voar.
Escutei aquele som
E encontrei-me
Por instantes,
Nas tuas matas.
Ali estava de novo
E o sonho …
Sonhado
E não realizado …
Não senti o murmúrio
Cálido e distante
A voar …
Não tive esse talento!...
Nada fiz
De diferente!...
Vem ao mundo da Poesia
Vem de novo …
E dá-me a tua imponência
E ainda o teu silêncio
… Que tudo diz.
Canto para ti nestes versos
… Só meus,
Olho as tuas estrelas à noite
E mais a Lua quando ela se levanta
E se mostra no Luar
E se espelha preguiçosa
Nas águas do teu Mar
No recanto único
… Só teu
E um pouco meu …
E me dá a benesse …
A benesse do Amor e da Paz.
Amo-te,
Talvez por seres,
Misteriosa e bela,
Frondosa, colorida
E possuíres o Mar,
Mais sereno do Mundo.
E as Sereias vêm preguiçosas,
Dormir, ou descansar,
E embaladas nas tuas águas,
Elas voltam sempre,
Em dias de Sol,
Em noites de Luar.
Dou mais uns passos,
No meu caminhar.
Estou no teu monte,
Olho a tua Ilha
Escuto o som do vento,
Envolvido no murmúrio
Do mar …
E sonho,
Com todos, quantos conheci
E perdi … levados pelas águas,
Para outras praias,
Longe de ti.
Mas tu,
És sempre a Serra,
Forte, serena, distante.
Este Mar é teu
Belo, límpido, brilhante …
É teu filho …
Sim … teu filho,
… E tu és a Mãe.
ESTOU TÃO SÓ,
NUM ENTARDECER TÃO BELO,
COMTEMPLO A NATUREZA,
OLHO O INFINITO …
E SEI
VOU ESTAR, SEMPRE ASSIM,
OU TALVEZ NÃO,
DEPENDE DE MIM …
E NO SILÊNCIO DESTA SERRA,
SOU CRIATURA MINÚSCULA,
PRENDO, COM FORÇA,
A RAÍZ DE UMA ÁRVORE SECULAR,
NÃO ME QUERO PERDER,
NO MEU CAMINHAR.
NO CIMO,
ENQUADRADO COMO PINTURA,
O CONVENTO, PERTENÇA DA SERRA,
É UM PONTO DE REFERÊNCIA
PARA SUBIR.
PARECE TÃO PERTO
E ESTÁ TÃO LONGE …
OS DEUSES
AS CRIATURAS PEQUENAS
E TÍMIDAS,
HABITANTES DAS TUAS MATAS,
ESCONDEM-SE AMEDRONTADAS.
MAIS TARDE
QUANDO TUDO SE AQUIETAR,
ELAS CONTAM HISTÓRIAS DE ENCANTAR.
TALVEZ UM DIA …
CONTEM A MINHA VIDA
E EU ENTRO NO MURMURAR,
DO VENTO E DO MAR,
COMO FADA OU SENTINELA,
DO TEU ESTAR …
Eu sinto,
A alegria do amanhecer
Eu ouço,
Os pequenos insectos
Fecundando a Vida
Eu canto,
Canções dolentes
Nas tardes quentes
Eu amo,
O Vento
O Mar
O verde de mil tons
A voz de alguém
Distante …
Eu quero,
Sonhar
Acompanhar
Viver
Sentir
O Teu adormecer …
Eu espero,
Ser alegre
Viva e forte
Como Tu és …
E saber sempre …
Nunca esquecer
O meu lugar …
E Voar
Nas asas do Teu Vento …
Amanhece …
Vejo o teu acordar,
Olhas à tua volta
E lembras o encontro.
A escada atapetada
DE flores matizadas
Brilha … ao longe …
Sais imponente
Das tuas águas.
Pousas os teus pés
Diáfanos e gentis
Nas areias douradas.
Escutas atento
O sussurrar do Vento
E sentes, o pulsar
De tantos corações.
E vens, finalmente,
Vestido de algas verdes
E espumas cintilantes
Como diamantes,
Invulgares …
Rodeado do teu séquito
Caminhas ao nosso encontro;
As Sereias cantam
O seu canto de encantar,
Os insectos pululam,
O Mundo misterioso
Escuta o aproximar …
E longe de olhares humanos
Longe de multidões gritantes
Vens flamante e terno
Num estar de felicidade
Constante.
Bendito seja esse Mundo …
Onde todos têm lugar
E se sente
A placidez inebriante
De alguma coisa diferente
Onde apetece ficar …
E não voltar!...
Sereias
Vindas de longe,
Golfinhos brincando,
Peixes saltando,
Aguardam o Pai
Esquecido de tudo.
Envolto no canto
Da maré,
Matizado de Luz
Pálida e dourada
Estremecido
Na cadência dolente
Das águas …
Em Paz...
Entendo e aceito
A Tua Paz!...
Fosse ela
A minha Paz!...
E nas tardes quentes,
As cigarras cantam descuidadas
A sua alegria,
Sentem o Sol tão brilhante,
Naquela Serra tão verdejante.
Caminho nas veredas,
Vejo ao longe os barcos acenando,
E as águas quais Fadas do Oceano
Flutuam voluptuosas e belas,
Num chamado constante …
E a tarde aproxima-se,
E numa determinada hora,
Tu falas,
Eu ouço o teu falar,
Apenas nessa hora …
Tens a tua música
Um ar só teu
E preces de tantos
Quantos se acolheram
Ao teu encanto,
Procurando Deus.
E isolados do Mundo
Viveram Vidas
Nunca narradas
Sentimentos difíceis
De dizer …
Subo as tuas escarpas
Fico perto
Do Infinito,
Mais pura,
Leve,
Translúcida,
Vaga
E terna …
Sempre mais perto
Do Espaço
E do Tempo
E do Feitiço
Do qual eu falo,
Em todos os meus versos!...
Tu és o Mar!
Sei do teu encanto
Temo a tua força
Não sou tua! …
Sinto o sortilégio
Do teu canto,
A ternura
Do instante,
No reflexo do Luar
Tu brilhas
E chamas …
Ondeando as águas.
Ouço o teu chamar
Mas não posso andar
Na estrada de prata,
Feita dos pedaços
De luar …
Fico na Serra
No mistério das Sombras
No aperceber de sons
Desconhecidos …
Sou uma árvore
Alimentada de seiva
E sei …
Pertenço à Serra! …
Tudo passa e se renova.
Não há hora derradeira e final.
Há, apenas, a mudança da Vida … O passar de Gerações.
Tu ficas!...
Apenas muda o cambiante das cores e o Vento traz uma canção diferente … E o Mar fica gritante e dorido; adivinha a mudança.
As formigas recolhem ao celeiro. Não as vejo caminhando nas pequenas estradas, feitas por elas.
As cigarras deixaram de cantar … não têm casa nem sonhos a realizar.
E conhecendo este Mundo, vivendo dentro Dele, sinto a Verdade sem nuances – apenas a Verdade Real – mais um Verão passou;
O OUTONO voltou …
Tons dourados espalhados pela Serra, espelhados no Mar.
Aguardo o renascer; o Princípio, o Fim, constantemente renovado e DIZENDO … NÃO HÁ FIM … mas o renovar do Tempo.
E ela a Serra mais o Mar e o Vento falam de Amor, cada vez mais, Amor …
Com eles, o Mundo dos Homens liberta-se da dor e da amargura.
Serra, nada te pode agredir!...
A Grandeza de Deus transmite-se na metamorfose das Estações.
Espero a Tua vinda; És o meu bordão nesta viagem do tempo.
Neste livro dedicado à Serra, ao Mar, ao Vento e ao Mundo que Os rodeia, quero dar tudo quanto sei e a projecção do que serei.
Em solidão vivo … Aguardo o Teu chamar … e nesta espera assisto à transformação da Natureza e entro num Mundo Real de palavras ditas e sentidas. Numa outra dimensão eu vivo, enquanto escrevo.
Sinto no Ar a diferença … O Mar tomou a cor do Infinito, as águas mais azuis e frias, no contraste desta Serra, onde a beleza se mistura ao Milagre do Amor.
As nuvens correm minúsculas e brancas; as cigarras descuidadas, encantadas, cantam; as formigas trabalham apressadas.
Tempo de todos; a nostalgia passou; a alegria voltou; o Verão entrou.
Que procuro mais? Se nada encontro igual a este instante sereno e cálido?
Sou – sei – pequena nuvem fragmentada, docemente diluída por um vento quente e suave.
O Vento cantante, desta Serra … deste Mar.
Estou na Serra; na nossa Serra … Nossa Mãe.
Eu e Tu …
Sentimos o perfume das flores; olhamos as árvores e elas apresentam outras cores … mais vivas e alegres.
O Ar à nossa volta é mais leve; o Vento tem uma voz diferente.
Há mais barcos sulcando o mar. Barcos de todos os tamanhos e de todas as cores.
As nuvens correm traçando desenhos ao nosso gosto. Ligeiramente acinzentadas e brancas, como Anjos da Corte de Deus.
Descem da Serra, misturam-se ao Mar.
Olhamos o cimo e lá se encontram as Sentinelas, vestidas de outros tons.
Os habitantes da Serra saíram das grutas e retocam as árvores e as flores. Trabalham na beleza da Serra e ela, debruça-se olhando o mar e sente-se brilhante e feminina; e gosta… a juventude está igual a ela própria, reflectida no imenso espelho à sua frente. Fonte da Vida, de limpidez angélica.
Sinto-me feliz no descobrir de Tudo, quanto não seria possível ver – sem Ti…
Aquele Amigo diáfano caminha na areia da praia; não foge; flutua nas suas asas da cor do mel e do leite, qual Querubim brincando.
E sei! A Primavera voltou … O Inverno passou!...
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