Vislumbro uma Feira, um palco e pessoas com máscara e artistas que representam o riso e as lágrimas.
Na entrada é-me dada uma máscara colorida, a minha verdadeira face desaparece e caminho, suavemente, por entre a multidão alegre e descuidada. Olho a minha imagem num espelho próximo e estou transformada! Desconheço esta gente que representa no palco e ainda os que dançam à volta do mesmo. E eu, tal como eles, represento o personagem da minha peça.
Em passos leves olho á minha volta e sou apanhada pela multidão que dança, representa e cantam
Apenas no Carnaval! Mas, perdeu a alegria e a graça!
Convidam-me a representar o meu Personagem e eu recuso, com algum pesar (sou humana) e tenho de abandonar as máscaras alegres que rodopiam sem cessar e continuar a procurar … noutro LUGAR!
Tomo a liberdade de terminar o resumo, de algumas partes deste Livro que nos aparece com o título, “OS SETE DEGRAUS.
O Livro principia por uma Descida ao fundo de uma gruta de sete degraus;
Entra num plano labiríntico quando da Subida e procura regressar à Serra Mãe – Ponto de partida – local de chegada.
Caminha no Mundo do Sonho à Luz do Sentir e testemunha acontecimentos vividos ou por viver – faz-se, assim, transportar a uma outra DIMENSÃO. Talvez mais suave ou mais agreste … depende do entender daquele que se der ao esforço, de o ler.
Os SETE DEGRAUS falam de uma literatura aberta ao mundo que procura não se exilar do contexto do mundo.
Aceita a Verdade e o Mito – e faz do Mito a maior de todas as verdades e de todas as virtudes.”
Obrigada,
Maria Luísa Adães
As ondas batem suaves na transparência das águas; escondem as rochas e logo se desnudam num ritmo melódico. Um barco estremece e eleva-se na cadência rítmica do Oceano; outro barco balança as velas ao longe…um outro segue o seu destino. A Serra retoca os seus mil tons dourados; o Sol aquece a areia da praia e nos lugares mais altos as sentinelas vigiam a hora do meio-dia. Tudo se aquieta num tempo derradeiro; numa despedida de encanto e sente-se a Tua presença, qual farol ensinando o caminhante perdido a encontrar a estrada feita dos Teus cuidados.
A magia do silêncio, o canto da natureza junta-se ao musgo sedoso desse instante luminoso.
As ondas continuam a murmurar leves e nuas. Eu fixo o meu olhar no momento e usufruo desse milagre! Tudo é uma aventura constante!
Apenas Tu restas e és reflectida no embalar das ondas minúsculas e o tempo pára…e dá o esquecimento do Inverno tenebroso de terras a ruir, pontes a abater e gente a morrer.
Hoje, sei! Muitas situações vividas aconteceram!
O jogo de xadrez foi uma constante a acompanhar os últimos momentos.
E eu acordei; esfreguei os olhos de contente e tomei o meu lugar como um Peão que contribui, a seu modo, no analisar e no viver do meu pequeno espaço. E soube que a face do Mundo mudou e nada vai ser igual! Daí a acreditar que um Sonho à LUZ DO SENTIR pode mostrar a realidade – como uma espécie de filme ao ser projectado para um ecrã.
A época introduz-se num sonho de uma pessoa comum!...E mostra a VERDADE!
Olho o cultivo das papoilas verdes e pálidas – sem brilho…diferentes dos verdes sedosos da minha SERRA e analiso os vários tons de verde e sinto…no fundo de mim mesma, a terrível mudança!...Grito ao AR, ao VENTO, ao UNIVERSO!
Há verdes que significam a VIDA;
Verdes verdadeiros e puros,
Verdes escuros de musgo atapetados, onde apetece caminhar;
Verdes com misturas de outros verdes; tons luminosos onde se reflectem
Sentimentos;
Verdes inebriantes impossíveis de pintar e reter numa tela e entrar nessa tela – acabada de pintar;
Verdes puros onde apetece respirar;
Verdes a deslumbrar o caminhante, misturado da luz do dia, do sol do meio-dia e mais tarde do luar.
Mas há VERDES MORTAIS!!!
Plantados noutros locais e mais tarde transformados pela química e vendidos em PÓ – SEM PIEDADE – nos pequenos e TRISTES FUNERAIS. E imploro pelos pobres que se arrastam e morrem por esse PÓ…
Tudo isto é uma lembrança, recordada ao ver as pálidas papoilas, como única vegetação, nas montanhas onde ouvi os risos de alegria e os brindes a serem trocados no momento “EXACTO” em que se partem as TORRES GÊMEAS!...
Isto é real ou apenas um pesadelo de um sonho conturbado?
Tenho medo quando te aproximas, lentamente, vestida de verde!...
E as crianças alucinadas de armas empunhadas prontas a matarem!
Alguém as inicia no mistério da VIDA…sem Estrelas no espaço, risos, alegrias e a doçura de um abraço – a encher o VAZIO!...
Dois acontecimentos, em lugares diferentes, no MESMO DIA!...
Talvez por MILAGRE – NÃO SEJA VERDADE!
Hoje deixei de medir o tempo; mandei parar todos os relógios…E num instante único agradeço a Tua amizade nas muitas alegrias, nalgumas amarguras e uns tantos abandonos. Estás acima do meu mundo, mas apesar disso, enalteço a Memória e o Sonho.
Hoje eu posso ler o Livro Sagrado dos Poetas – escolho o meu caminho! Entro por entre as sombras e tenho sempre luz a iluminar os pontos obscuros e imóveis do meu sentir. Lanço o meu abraço no Espaço – e olho, lentamente, o Amanhecer. Entro no Templo para meditar…E não para pedir!...E é outra, diferente da primeira e da última; outra, nascida neste instante.
Estou perto da saída do labirinto e tudo quanto eu contei – EU VIVI!
Vou esperar por Ti!
Trago da outra Dimensão os dias e as noites. Não aqueles que todos conhecemos, mas outros dias e outras noites.
Noites onde o luar se acende com mais força e ilumina de modo invulgar e junta-se à palidez do dia, torna-se prateado feito de silêncio e poesia…Há a mistura da noite e do dia e juntos dão a magia, daqueles lugares no esplendor da aurora boreal, trazida pelos ventos frios e o Sol do Meio-Dia.
Não estou fatigada, mas sim liberta esperando a noite que não é noite, mas sim a aurora do Norte – onde o gelo é Eterno. Continuo a esperar…
Sinto-me envolvida por um turbilhão e assisto atónita à subida dos mundos submersos a invadir a superfície e a vencer! No jogo de xadrez as figuras fogem amedrontadas; as sombras continuam a subir, a obscurecer o horizonte, a toldar a razão. Sinto o estremecer do fanatismo num processo de vingança e força.
Olho as TORRES IMPONENTES, símbolo de uma grande Cidade – cortadas pelo meio – a AFUNDAREM-SE como um baralho de CARTAS!
E reconheço onde estou, através das cinzas e dos gritos a dominarem o ar.
MAS NÃO ACREDITO!...
Junto-me à multidão que corre desvairada! A CRATERA enorme engole os grandes símbolos – e tem de ser olhada! E as pessoas HUMILHADAS caem – como folhas de papel arrancadas, a um livro sem préstimo e sem moral! E o pesadelo não cessa … a Dimensão é real!
Muito ao longe pressinto outros sons de festejo por uma grande vitória e vejo um lugar montanhoso de poeiras e aridez sufocante. Brinda-se ao suicídio IMPOSTO a tanta GENTE.
Chamas e morte num contraste de alegria dos INIMIGOS SEM ROSTO!
Que PESAR eu sinto…A minha ALMA está de luto. Não posso continuar!
Não posso!
Levanto o olhar e à minha frente de cabelos desalinhados e olhar azul penetrante – está o POETA – sem jugo e sem algemas. Vestido de silêncio, placidez comovente, testemunha do meu sonho nas horas do poente…
- Quem és tu?
- Sei com quem te pareces, mas vens de um lugar diferente e eu pressinto no soluçar do vento a tua SOLIDÃO.
- És um poeta esquecido, não traduzido, não lido e relido – não compreendido – És um poeta esquecido!
E interrogo o ar que me rodeia, o vento e o mar – como é possível que um sopro na esfera de DEUS e as folhas de livros dispersos – não seja lido, estudado e entendido? Que mundo tão estranho – o meu e o Teu!...Aceito o teu silêncio, feito das palavras do teu ser…Entendo o teu passo cadenciado, o teu pobre fato e a riqueza estonteante do teu dizer.
Ficas no meio das nuvens que se movem e se misturam às sombras e tornam à luz e desenham os CONTINENTES deste Planeta.
- Não temas por mim!
Deixa-me escrever as razões do meu tempo, entregue a mim mesma, dentro deste SONHO e tal como Tu – ESQUECIDA!
Neste momento sei que no meu sonho voei um pouco longe e vejo uma cidade intacta – diferente de todas as cidades – banhada por um lago, ou talvez um mar…de cor azul igual ao infinito – sem nuvens – limpo e belo.
Rodeada do sol abrasivo do deserto e de crepúsculos vermelhos. Incontestada! Guerras constantes – muito ao longe – nunca sanadas – mercê das DIFERENÇAS RELIGIOSAS e dos INTERESSES DOS GRANDES MAGNATES.
Sempre o poder a obscurecer a limpidez do amanhecer!
Gota a gota se vai amortecendo a sede da terra; gota a gota se conserva essa mesma terra – UM DIA PROMETIDA – a todos quantos a habitam.
Dividida por crenças religiosas, vai sendo reconstruída e destruída numa espécie de filme repetido.
Fala-se nos GRANDES PALÁCIOS da PAZ necessária, mas nos bastidores a morte espreita as suas presas e leva-as de FORMA SÉRIA.
Mas TU, venceste o deserto e os pântanos e os transformaste em campos verdes e terra fértil…quantos cuidados!...A guerra alastra e divide-se como um grão de areia em milhões de pedaços. E a PAZ tão necessária, perde-se neste deserto banhado por quatro mares…Tão cobiçado!
Mesmo numa outra dimensão não posso descer!
Parto e levo comigo a tua Lembrança que me acalenta e seca as minhas próprias lágrimas!...
Deito a minha rede ao mar, mas sou levada pelas ondas enraivecidas. Tenho de lutar e tentar salvar-me. Ao longe vejo uma bandeira a ensinar como voltar. Elevo-me acima das ondas prontas a devorar. Lembro-me da minha corda tecida de mil flores agarrada ao meu corpo e prendo-me aos rochedos próximos e lentamente, com esforço subo às enormes falésias da praia. Liberto-me do Oceano e salvo-me, dentro do meu sonho, da minha outra dimensão!
Olho as ondas alterosas e vejo um SUBMARINO a afundar; compreendo a ira do mar!...Uma EXPERIÊNCIA falhou! Duro e trágico é o momento!...O CAIXÃO METÁLICO afunda-se; e ELES MORREM sem culpa; ignoram as grandes teses e os conflitos de interesses!
NÃO VOLTAM!
Fazem parte de um episódio a contar e a esquecer! NÃO VOLTAM! Ás areias da praia, às PORTAS DA CIDADE, ao LAR…Gente SIMPLES sem o direito de viver!
Ficam dentro do túmulo, no fundo do mar, VESTIDOS DE CERIMÓNIA, como se fossem celebrar uma vitória.
…Quantas vidas perdidas aos pedaços partidas e mais ESTRELAS no infinito a aguardarem a madrugada.
Abalaste o meu sonho e deste-me um pesadelo! Eu estou de mãos vazias e coração solitário!
Possam as lágrimas fazer brotar as flores da PRIMAVERA nos lugares escondidos desta TERRA!...
Parece-me que este acontecimento se deu no mar de Barents, mas não tenho a certeza…Mas foi verdadeiro! Eu sei!
Ergo a minha TAÇA e os SAÚDO! Possa Deus AJUDAR!
Descubro no sonho que posso voar…Ver do cimo o labirinto e escolher onde vou descer! E mais tarde encontrar o meu lar, a minha vida! Talvez volte a sonhar…Quem sabe?
Sonhar não é assim tão mau!...Vejo do cimo terra vermelha cheia de arabescos, como se fosse pintada; parece-me reconhecer o lugar…
Desço naquele pedaço de terra de uma beleza invulgar. Vejo O VERDE MATIZADO – difícil de pintar. Muito perto a floresta mostra quedas de água caudalosas; correm em cataratas saudosas do seu verdadeiro leito…Destruído pela técnica, em nome do conforto HUMANO.
Naquele local existiu gente pura e simples; terra semeada, o gado a pastar; não existiam fronteiras. A água inundava o lugar – longe das agressões e da guerra… Hoje pertence à fronteira de três países…dividido, algemado em turbinas…limitado, na sua forma gritante de liberdade. Milhares de espécies milenares foram afundados, as famílias banidas e esquecidas!...
As ÁGUAS APRISIONADAS levam a luz às GRANDES CIDADES, onde a miséria impera e os pedintes se amontoam
Quantos “IGUAÇUS” por esse mundo…Quantos? Quantos?
Afasto-me voando e junto-me às espécies perdidas, aos Índios esquecidos e ultrajados – à falta de AMOR…
E continuo a caminhada …E sinto não estar longe do meu ponto de partida.
No mundo do sonho eu SOU LIVRE de vencer e tentar perceber as contradições e as razões da FALTA DE AMOR.
E Eugénio de Andrade diz:
É URGENTE O AMOR!
Os degraus da gruta terminam e a plataforma torna-se plana e labiríntica. Fujo da nostalgia do entardecer! E no terreno plano eu vou reconhecer o LUGAR, onde o sétimo degrau me deixou…Isso eu vou fazer!
Ao longe vejo uma Ermida, cuja porta está aberta. Aproximo-me de duas figuras que parecem esculpidas na pedra – mas são verdadeiras e prontas, a contar das suas vidas…
O silêncio é retido e as ORAÇÕES de louvor, constantemente, repetidas
Por alguém, vestido de branco, com um capuz a esconder a face. E os pensamentos do monge estão gravados nas pedras da ERMIDA! HÁ UMA ATMOSFERA DE AMOR!
Olho as primeiras figuras e canto com Elas e com o Monge, numa acústica perfeita…As portas fecham-se…Não deixam entrar o MAL DO MUNDO, à volta da Ermida.
E o homem Santo que a habita não pode abrir o portal por compaixão, pois o sacrílego entra e pode levá-lo…E ELE NÃO VOLTA!
LUGAR SAGRADO, habitado por dois Santos e um Monge de capuz, vestido de branco.
Respiro o ar Não Maculado e vou lembrar as três figuras verdadeiras e puras. NÃO OS VOU ESQUECER!
Vou lembrar, a todas as horas dos meus dias!
Adeus meus AMIGOS!
Estou no quinto degrau! Sinto-me flutuar pela vibração que estremece, tudo à minha volta.Entro no patamar e vejo uma terra verdejante, onde as flores de mil tons me falam, através das suas pétalas.
Vejo ao longe…uma casa; parece-me familiar a relembrar o passado. Dou pressa ao meu caminhar! Abro a porta e vejo OS DA MINHA SAUDADE!
Canto a minha ALEGRIA.
Reconhece-os e digo quanto estou cansada! Peço ajuda para terminar esta jornada no mundo do SONHO. AS LUZES são difusas, leves e brandas…
O encontro é doce e suave! Acendem uma pequena fogueira e aquecem-se a esse calor natural.
Lá fora o caminho abre-se e as fontes despontam puras e simples, o verde dos campos, a floresta delineada; lugares marcados com animais saltitantes a ensinarem a CAMINHADA. O chão deixa de ter lama!
Todos quantos amei encontram-se no quinto degrau, numa só casa. O AMOR e a UNIÃO são as leis pelas quais se regem. E lembro Eugénio de Andrade quando diz “ É URGENTE O AMOR”…
Mas sinto a necessidade de partir e um dia voltaria, na HORA ESCOLHIDA…
Choro por OS DEIXAR! Mas nada me é permitido fazer!
Volto o olhar e sei…Vou procurar o sexto degrau!
Ouço o murmúrio de vozes…Estou numa colina e sinto à distância os pontos obscuros, onde o BRILHO DA NOITE FASCINA.
Vejo um palco e pessoas com máscaras e sei…os artistas representam o riso e as lágrimas.
É-me dada uma mascara colorida. Olho o espelho e estou TRANSFORMADA!
Desconheço esta gente, mas tal como eles represento a minha personagem.
Em passos leves caminho, mas sou apanhada pela multidão que dança e canta
Eu danço com eles neste mundo escondido, onde a alegria parece ser A MAIOR VIRTUDE.
Gente que representa a Verdade…Tão DIFERENTE DO MEU MUNDO…
Tenho de abandonar, com pesar, as máscaras alegres que rodopiam sem cessar e continuar a descida e encontrar…O QUINTO DEGRAU…
Escadas de pedra, um lago ao fundo; um pequeno barco e ao longe uma floresta interminável.
As pessoas acumulam-se - pretendem chegar ao pequeno barco; atravessar o lago; encontrar a floresta. Mas o barco é pequeno e ao ser tomado com precipitação vai afundar-se e assim, destrói a esperança de atingir a floresta. O medo domina e a incerteza não dá felicidade!
Parece um mundo impuro e perdido...
A passagem para o outro lado está fechada.
Tudo é estranho e ao mesmo tempo parecido com alguma coisa que já vi...Multidões escorraçadas das suas terras, por uma guerra religiosa ou um chamado Ideal Politico.
Ideal? Estranha palavra para definir o medo e a fuga!...
E este lugar onde me encontro rodeada desta multidão faminta, da qual faço parte, parece-me um pedaço minúsculo do mundo donde venho. Que sonho complexo!
E digo:
- Caminhem sem receio!Vamos contornar o lago, fugir aos pantanos e entrar em lugar seco e seguro. Esqueçam o barco, libertem-se do medo e tentem chegar às vossas casas e reconhecer
o conforto da família.
A multidão parou...escutou o som desta voz!...
E segui com eles, misturei-me às suas vidas, naquele local TÃO
DISTANTE.
E num milagre de Amor, atingem a floresta...Deixo-os caminhar ...
na procura dos vários caminhos (só deles) e eu fico...Olho a
DISTÂNCIA...E procuro o quarto degrau!
Adeus meus amigos...não me conhecem, mas eu peço por vós!...
Caminho na plataforma e desço ao segundo degrau.
O silêncio continua a ser uma constante.
Encontro-me próximo a uma coluna de mármore;
Vejo uma vereda estreita, pouco definida. Pessoas
passam por mim. Olham o vácuo onde o nevoeiro
pouco dá a conhecer …Junto-me a, eles … tento
falar, travar um diálogo de amizade, mas calam-se
amedrontados pela misteriosa solidão.
A vida parece não existir – mas Existe! – Ouço a minha voz gritar esta verdade … e o som vai desencadear uma sucessão de ecos. Sinto a saudade da minha poesia; daquele canto e encanto … e ainda dos sonhos onde todos são iguais.
De repente sinto-me presa a uma corda tecida de flores; lentamente, sem aflorar o chão fixo as flores junto ao meu corpo; é um amparo com o perfume da Primavera. Deixo-me levar e interrogo o Ar! Quem me mandou a corda feita de mil flores? Talvez Tu que me amas e me ajudas a entender o sonho e a realidade!...
As pessoas continuam aquele caminhar – umas com arrogância; outras sem rumo e sem esperança … Todos iguais – mas sempre divididos. E não lutam pela verdadeira subida!
Feita de união! Eles não sabem … mas só o amor os pode salvar!...
Olho o cimo tão distante, mas continuo a descer … sem saber, sem lutar, sem sofrer…
Fixo o meu olhar e vejo e sinto …e penso … Este é o terceiro Degrau!
Encaminho os meus passos e com cuidado … afloro o patamar e olho as escadas de pedra … à minha frente! E continuo a descer…nada pode alterar o meu sentir!
O nosso amor
fica no cimo das marés
qual farol a iluminar
o nosso mar
símbolo de duas vidas
prontas a voltar! ...
Meu amor,
te dedico estas palavras!
Dos sonhos apenas sei o dizer da Ciência e a forma linear como os apresenta.
Vou mostrar a uma outra luz - À LUZ DO SENTIR - os acontecimentos de um tempo impossível de prender e fixar... e um dia contar.
Mas VOU ENTRAR no Mundo do Sonho!
Levo a minha música, os meus livros, o meu sentir, a minha verdade, o meu acreditar!
Dou vida à VIDA, mesmo num sonho, e testemunho essa doação! Assim tu possas acreditar e encontrar, os teus próprios sonhos!
Desço ao primeiro degrau!
Tenho consciência da realidade olhada à distância;
tudo posso encontrar - luz e sombras - mais abaixo o mar tormentoso a envolver-me em ondas lamacentas.
E avisto um Templo... onde se suplica a um Deus - feito à medida dos interesses, de cada um.
Mais abaixo, os famintos, distanciados do Templo não entram;
os portões estão fechados ... o amor não existe... e o Ar não sorri, nem se dá.
E eu continuo, como testemunha, desta descida de SETE DEGRAUS.
. FINAL
. PAPOILAS
. ENCONTRO
. FOGO
. NOITE
. SEDE
. VIDA
. NUA
. REALIZAR