Imagem Internet/ Salvador Dalí
Nua me encontro,
As estrelas são meu manto
A dor que me acompanha
Reflecte meu pranto.
Se falo de amor
Eu sinto e vivo o amor.
Se falo de tristeza
Eu sinto e vivo tristeza.
Se falo de verdade
Eu sinto e vivo verdade.
Tudo em mim
É humano e místico
Mesmo o que não vejo – existe!
Tudo em mim
É esplendor na relva
De Ibirapuera.
Eu estou convertida,
Fluente, quente, suave,
Desprendida.
O lago se espelha
Se deleita, estremece,
Olha para mim.
Eu não pertenço ao lago,
Mas sinto o seu afago.
Cisnes negros navegam
Nesse lago,
Ao som do canto
E dos suspiros dos amantes.
Se amam
Na relva molhada,
Ao meu lado.
A noite aproxima
A distância é só uma
E eu olho os amantes,
Nos jogos de amor.
Junto-me a eles,
Faço parte deles
Canto, danço e amo
Numa despedida de encanto.
Me despeço
Do parque imenso,
Do parque quente e húmido
De Ibirapuera.
E ouço o silêncio
De corpos nus e cansados
Estremecendo ao som
De musicas caladas.
Me levanto,
Nua está
A relva verde
A terra amarela,
Salpicada de luz
E o lago
Pousado e perto
Diz,
Eu sou o verso do Universo
Os olhos de antepassados.
Tão grande, o mundo!
Tão curta, a vida!
E lugares, tão distantes!
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