Imagem Internet/ Salvador Dali
Estás em tudo que nasce
E também em tudo que morre!
Tu vens!
As janelas estão gradeadas
Entra o Sol e a Luz,
Mas não entra o Mundo
Que palpita lá fora
Chamando por nós.
Mundo,
Não te posso responder
Estou aprisionada
Dentro de mim.
Quero fugir
Gritar bem alto,
A saudade que me fere
A saudade do teu canto
A saudade dos teus beijos
A saudade dos teus passos
A saudade da minha Vida.
Perdida neste lugar
Que não me pertence
Não me encanta,
Com o desejo de fugir
Para outros lugares
E voltar sempre
Ao primeiro lugar…
E isso - desencanta!
Isolada do meu mundo
Das coisas que perdi
E das outras que encontrei,
Tão próximo de mim.
É um mundo
Sem música, sem beleza
Em múltiplos horizontes
Onde não posso andar,
Num confronto
De dois mundos desiguais…
O meu e o teu!
E eu continuo a fugir
Ninguém me pode dizer
O que fazer,
Eu não aceito!
Apenas aceito,
A minha forma
De viver!...
Maria Luísa O. M. Adães
Finalmente chego a mais um poema teu, amiga. Vejo, pelo menos parece-me ver, um poema que se pode inserir no contexto da "Alegoria da Caverna"... no entanto, sorri, porque também me pareceu que dizia respeito a uma situação que eu posso vir a viver na realidade.
Maria Luísa, eu ainda não me sinto confortável com a ideia de te não ter reconhecido... caramba, amiga!
Devo ser mesmo muito distraída ou ter bloqueios de memória ainda maiores do que eu pensava!
Um grande abraço e desculpa-me!
Mª. João
Tens de me elucidar quanto à "Alegoria da Caverna"
não me lembro ou não sei! Conta-me, por favor!
Quanto à tua falta de memória, esquece, não me podias ver porque eu entrei sem darem por isso e
saí de seguida, não poude ficar, ia para o norte e
desviei o caminho.
Mas não tinhas possibilidade de me ver.
Por isso descansa essa cabeça, tu não me viste!
Percebes? Só eu te vi!
Então, estás com uma cabeça e uma memória
do melhor e mais sólido.
Ainda não tinha tido tempo de explicar, pois ando de viagem.
Entendido?
Mas explica o que pergunto acima.
beijos,
Mª. Luísa
Não estou não, minha querida Maria Luísa. Vejo-o nas pequeninas coisas do dia a dia. Não fixo os nomes de nada, perco tudo e mais alguma coisa, esqueço-me dos sonetos que fiz... mas também não é só de agora. Há dez anos atrás, trabalhei com uma idosa, em Lisboa. Ela estava mal e o médico ia lá muitas vezes, eu até era muito amiga dele e conversavamos muito. Um dia ele veio ter comigo, na rua, e perguntou-me se eu estava zangada com ele ou se tinha algum problema em falar-lhe em público. Fiquei espantada, disse que não, de forma alguma tinha problemas em falar-lhe.
"Então porque é que todos os dias, a esta hora, me cruzo consigo, exactamente aqui, digo-lhe:- olá! e a Maria João faz de conta que não me vê?"
Devo ter ficado azul ou branca, sei lá. Não tinha visto o senhor nem uma única vez ou, pelo menos, não me recordava nada disso.
Este foi um único exemplo. Coisas semelhantes vão-me acontecendo aos montões... bem, a verdade é que o meu avô também era exactamente assim... talvez seja qualquer falhazita genética...
desculpa-me, mais uma vez. Um grande abraço.
Mª. João
É fácil de entender - os poetas vivem no mundo
real, com os pés mal acentes na terra.
Por vezes, não parecem pessoas simpáticas, não
respondem a quem os cumprimenta.
Mas Eles são assim mesmo, nada os pode mudar!
Felizes? Conheces algum que tenha sido feliz?
Se Eles procuram tanto e pouco ou nada encontram.
Tu pareces-te com o teu avô, no Dom que adquiriste dele. Alguém na familia teria de ser como
ele - tu foste a escolhida - não sei por quem!
És distraída, como eu sou, por vezes dificil na compreensão dos que te rodeiam - como eu!
Não é uma doença, mas um" estado de alma mais
profundo".
Está tudo bem contigo! Não te faça impressão
"seres como és" aceita e desportivamente, continua
a caminhada.
Espero ter elucidado!
Beijos grandes,
Mª. Luísa
Tens razão, minha amiga. Eu saio mesmo ao meu avô... e olha que o Nemésio também era assim, mas muito pior! Há imensas coisas de que me não esqueci na minha infância e uma delas era isso mesmo... eles eram capazes de estar a falar com outra pessoa e, de repente, punham-se a observar uma planta ou uma nuvem e eram capazes de ficar assim durante tempos infinitos, esquecidos da conversa que estavam a ter... saírem de casa sem carteira nem dinheiro, era uma constante e havia mil e uma coisas que podem parecer estranhíssimas, mas para eles era assim mesmo. O melhor é eu não ficar tão preocupada com estas minhas distracções, conforme disseste.
Hoje celebra-se o Dia da Juventude. Aqui no CJO há uma piscinazinha onde os miúdos estão a fazer jogos. É bom vê-los assim, alegres, a chapinhar na água!
Um grande abraço, minha amiga Maria Luísa.
Mª. João
É isso mesmo, sais ao teu avô e talvez à génese da
Família.
Por exemlo: pedi para me mandares dizer o significado da "Alegoria da Caverna" relativo ao poema - considera-lo assim...
Até agora não recebi resposta.
Não te importas de me elucidar acerca da "Alegoria
da Caverna?" Fico a aguardar!
Beijos,
Mª. Luísa
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