Escrevo sempre, acompanhada pela música e pelos meus pensamentos.
Assim, transformo a solidão – faço-a desaparecer – e numa espécie de magia,
Deixo a taça transbordar e encontro o caminho e depois … tudo é menos difícil!
Envolvi-me de amigos turbulentos e outros brandos e preenchi o vazio das horas agitadas! Símbolo do Nada!
Vamos fazer uma Festa, onde a Verdade seja o primórdio, de tudo quanto se diz!
É uma festa diferente das outras festas … feita de perguntas e respostas.
Um diz … O outro diz … o outro torna a dizer e depois …alguém pergunta…
Não sei responder… Nada está definido!
Mas eu digo – vou ser a primeira a dizer – eu dou a festa – sou eu a dizer! Concordam comigo? Sim? Eu vou dizer! Muito pouco tenho a dizer…
- Os meus Livros perdem-se e as maravilhas que aplaudo caem no vazio e eu fico “só”, com a Esperança da mudança no mundo … apenas a esperança me acalenta!
Outro acrescenta:
_ Gostava de dourar a minha taça e saudar com essa luz, todas as alvoradas, acompanhar essas alvoradas, em qualquer parte do meu planeta! Mas não o posso fazer e sofro! …
Outro diz:
- Quero brindar ao Amor – a toda a espécie de amor – mas onde vou fazer o meu brinde? O caminho está coberto, de inimigos sem rosto e areias movediças…Como o vou fazer, sem me perder? Respondam, por favor!
Outro avança, lentamente e diz:
- Nada me apetece fazer! Não tenho a quem brindar e o Ar está envolto em neblina que flutua e desenha riscos e quadrados…
Não vou brindar a figuras geométricas! Não quero perder-me no labirinto complexo e envolver-me num sonho sem princípio, mas com fim. Não quero ilusões!!!
Outro destaca-se dos primeiros e diz:
- Lamento, mas não posso acompanhar! O caso é diferente …Perdi a minha Taça e dentro dela, iam as minhas emoções mais belas…
Não posso brindar!...
E o Narrador fala:
- Chegou o meu tempo e digo:
Brindemos ao esforço para os juntar – isso foi esquecido, num breve olhar…
Brindemos a esse esforço e aos Amigos comuns que vieram até nós através do vento, das nuvens e do espaço – mas brindemos – por estarmos vivos e possuirmos um lugar amigo onde podemos brindar à felicidade de um Novo Dia – igual a este!
Ou melhor do que este, onde as indecisões – não se possam acoutar.
Eu, Narrador brindo ao sol do meio-dia com alegria e junto-me a todos vós, na esperança de um Novo Dia – num mundo melhor!
Maria Luísa
Batam-me á porta
Os que andam lá por fora, à neve;
Batam
Os que tiverem frio ou sede;
Os que sintam saudades de um carinho;
Os desprezados;
Os que há muito não vêm uma flor
E encontram só poeira no caminho;
Os que não amam já, nem já os ama
Ninguém;
Os esquecidos de como se sorri;
Os que não têm Mãe …
Sebastião da Gama
E terminou a minha festa! Eu disse que era uma festa diferente!
Eu disse!...