Quinta-feira, 28 de Maio de 2009
Imagem Internet / Salvador Dalí
Sim Suplico!
E vou dar voz á súplica,
Na minha forma de dizer,
Na minha maneira de sentir.
E sei – :
Tudo é teu,
Tudo te pertence,
Não deixes
Que te tirem a alegria,
O teu estar no mundo
E o meu amor por ti.
Não permitas que isso aconteça!
Caminhante esquecido
Num local sem fim.
Acredita no simbolismo
De um mundo mais puro,
Procura um tempo presente
E vai mais longe…
Procura um tempo futuro.
E deixa que à superfície
De ti próprio,
Venham os sonhos
E os anseios
E luz aos teus pensamentos.
Ampara-te á minha força
Mas lentamente,
Como tu sabes,
Deixa-me e continua só…
Não voltes para mim
O teu olhar…
Eu não vou chorar,
Não vou clamar,
Não vou reter
O teu caminhar!
Fico –:
Olhando o horizonte, ao longe,
Brilhando como o Sol
De outras eras,
Outras gerações.
Mas sei –:
Este é o Sol
Da tua própria vida.
E faço deste momento
Em que te vejo
Reflectido no que escrevo,
- Um tempo meu e teu –
Ele significa felicidade,
Vamos dividi-lo
Com outros caminhantes
E deixamos de ser
Criaturas Errantes!
Do livro: “Não Sei de Ti “
De Maria Luísa Adães
Quinta-feira, 21 de Maio de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí / Atemporal
O avião pousa no chão,
Fatal como um relógio
Que conta o nosso tempo.
Eu olho o firmamento,
Onde te vais encontrar
E não me podes levar…
Como posso aceitar,
Este tempo que vai passar
Junto a mim…
Tão junto, tão perto
Que o vejo,
Como se fosse gente.
Tu vais lentamente,
Não olhas o que fica
E eu não quero ficar.
É loucura ser assim?
Como posso deixar
De ser louca,
Se te amo tanto.
Que interessam as palavras
Neste instante?
Basta o sentimento
Pungente,
Eloquente,
Nesta forma de dar
Completa ou não,
Medida ou desmedida.
Não importa,
Não conta,
Nada conta,
Só tu contas!
O nosso amor conta,
A ânsia da ausência
Da partida, conta.
E se tudo conta…
E conta!
Parto contigo,
É pouco o tempo
Que nos resta!
A tarde quente
Desce, lentamente,
A hora aproxima.
Tu estás envolto em mim
No pensamento,
Mas a partida é certa.
O avião desce brando
E vai subir num instante
E eu fico olhando…
As lágrimas lavam os olhos,
Não deixo o olhar fugir,
Mas tens de partir
E eu vou ficar!
…É esta a nossa Vida,
Só me resta aceitar!
Maria luísa O. M. Adães
Quinta-feira, 14 de Maio de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí / I always remember you!
Sinto a tua falta!
Ainda estás comigo
E eu sinto a tua falta,
Tão pouco tempo falta
Talvez não dê para contar
E eu sinto a tua falta,
Numa saudade
Fora do tempo
Atemporal
Fora do meu tempo,
Fora do teu tempo,
Fora do teu estar,
Fora do meu estar,
Fora do nosso amor,
Fora da alegria,
Fora do nosso medo de cantar
A nostalgia do teu afago
Ao amar,
Da tua ausência,
Onde precisas de estar.
E espero,
Numa espera antecipada
Sentir a tua volta
À minha volta,
Num abraço que não cansa
E desnuda
O sentir de esperança.
Ainda não partiste
E eu sinto a tua falta,
Ainda estás comigo
E eu sinto a tua falta
E comigo continuas
E eu sinto a tua falta.
Mas de repente partes
E eu não faço parte
Dessa partida
Tu tens de ir,
Eu não posso ir contigo.
Falta-me tudo…
O tempo,
A hora certa,
O comum
Das pessoas comuns,
Mas ainda estás comigo
E eu sinto a tua falta!
E resolvo partir contigo
Esquecer o tempo,
Esquecer a Gente,
Esquecer o relógio a contar
E corro ao teu encontro,
Subo as escadas
Onde me aguardas,
Olhas e sorris
E eu louca
Esquecida de tudo,
Subo ao teu encontro.
E ainda sinto a tua falta!
Meu amor, meu marido, meu amante!
Maria Luísa Adães
Sábado, 9 de Maio de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí
Vivo dessa ilusão
Desse quadro que pintei
Para poder olhar
Sempre que estou
Convicta de que
Nada tenho e nada sou!
Olho o quadro,
Acredito nele
E em solidão caminho
Um caminho desencantado,
Mas no quadro
O caminho tem flores
E ar perfumado.
É uma ilusão
Pintada por mim
Numa forma de esquecer
Que nada sou!
Confesso –:
Tudo quanto escrevo
Não me pertence,
Não é o meu mundo,
Mas o meu desânimo
Que não esquece
O lugar onde tropecei
Um dia
E fiquei olhando,
Sem saber que ver
Sem saber que fazer.
Esta é a verdade
A outra, a sombra derradeira
De um destino
Difícil de cumprir.
Chorem comigo,
Lamentem o que escrevo,
Mas deixem que me perca
E me encontre,
Escreva e deixe de escrever,
Para escrever de novo
Os meus contos e os sonhos
Deste instante, meu e teu!
Que abismo profundo se abriu
Aos meus pés,
Olho o cimo
Muito ao cimo
E não posso subir,
Não tenho ajuda.
Grito bem alto
Ninguém me ouve…
É a minha realidade
Fantasmagórica
Partida aos pedaços,
Alguns perdidos
E não os posso colar,
Aos meus membros
Esquecidos,
Entorpecidos,
Por aqui e por ali…
Mas olho o quadro
Que pintei
Com tanto esforço
E reconheço-me no fundo
Abstracto do meu sentir
E esqueço tudo
Quanto é mau
E recolho os pedaços
Do meu corpo
E sou igual
A mim mesma,
Não há diferença…
Ou há diferença?
Sim, há diferença
Não sei quem sou!...
Maria Luísa Adães
Sexta-feira, 1 de Maio de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí/ Simbolismo
O Coro cantava
Desiludido,
Mas cantava
Uma canção de prece
Ao mais Alto
E suplicava.
Mas não sei se acreditava!
O Coro proferia
Palavras complexas,
Ninguém percebia
Essas palavras,
Mas todos ouviam
Num silêncio que matava.
Não sei se acreditava!
Continuou a cantar,
A mudar as vozes
Desse cantar, a murmurar
Levantava e baixava
O tom da melodia
E não sorria…
Não sei se o Coro acreditava!
Eu ouvia,
Tanto quanto podia,
Mas não entendia
A melodia
Que o Coro entoava
E não sei, se eu acreditava!
Mas o coro não parava
A melodia
Que nada dizia
E o tom entristecia
E me parecia…
- O Coro não sabia
O que dizia.
Não sabia…
Faltava vida
Faltava força
Faltava encanto
Faltava louvor
E o espanto
De quem entoava
Aquele canto,
Estranho
Difícil
Sem encanto.
E o Coro
Não tinha força
Para dizer:
- Eu não acredito neste canto!
As pessoas esforçavam-se
Por entender o Coro,
Ao mesmo tempo
A uma voz.
O tempo passava,
Pessoas curvavam
E eu olhava,
Tentava perceber
Ser amável,
Mas o Coro
Não estava comigo,
Nem com aqueles
Que o escutavam
E soube o que já sabia,
O Coro não acreditava
No que dizia!
Mas todos se esforçavam
No entender da melodia
Que o Coro tentava entoar
E não podia…
Por não acreditar
No que dizia!
Maria Luísa Adães