Sexta-feira, 24 de Abril de 2009
Imagem Internet / Salvador Dalí
Um dia escrevi
Uma estranha poesia
E um sonho,
Acompanhados de música.
Não sei que me deu
Não sei que me lembrou,
Mas escrevi
Por ti e por mim.
Olhei e vi
O nosso deambular
Por caminhos estreitos
E a música a acompanhar
Nossos passos escorreitos.
As folhas caídas
Do Outono a aproximar,
Faziam um convite
Ao amor,
À vida,
Ao nosso estar.
Recordamos,
Olhamos nossos olhos
E sentimos o chamar
Do amor,
Nos deitamos
Nos amamos
Com ternura
E depois com fervor
E luxúria exuberante
De coisas puras.
Sim, o amor é puro
Quando levado ao clímax
Mais profundo
E nos leva,
A um outro mundo.
Gosto desse mundo!
Amo a tua presença com ardor
E na luz e no fogo
Do amor
Morremos,
Uma vez e outra vez
E sempre
Que nos amamos
É o Tudo e o Nada
Levado ao Todo,
É o cimo do nosso encontro
De nossos abraços,
De nossos quebrantos,
Delineados há séculos
Com fervor
E perpetrados
Neste mundo
Por nós dois
E neste instante,
Ao ver as folhas caídas
Num convite Final…
Sucumbimos ao momento.
Esperado e amado.
Esquecemos regras e temores
E somos nós
Em liberdade nossa,
Na entrega total.
E o amor impera
Como Senhor do mundo
Do nosso mundo,
E morremos
Por amor!
Sábado, 18 de Abril de 2009
Imagem Internet / Salvador Dalí/ Ascensão de Cristo
Retratar o mundo
Através das palavras,
O sentir
Das suas mágoas,
As dores,
As alegrias,
Os desconfortos,
A esperança nos dias.
Retratar pessoas,
Acontecimentos menos bons,
Outros à deriva
Pelas noites frias e fechadas
Ao som dos ruídos do silêncio,
Dessas mesmas noites
Misturadas, com a agonia
Do aparecer do dia.
Retratar as coisas,
Medir as distâncias,
Reconhecer os caminhos,
Falar com os mendigos,
Exultar os sem esperança
E os sem abrigo
E reconhecer neles,
“A minha face perdida
Nos espelhos partidos
Da minha vida!”
Retratar os sons,
Aos ouvidos
De quem não ouve
E tanta falta faz – ouvir,
Para poder dissertar
E ao longe escutar
Os barulhos do silêncio
Em surdina
A contar, a última rotina.
E tanta falta faz – ouvir,
Para entender o mundo
Tão difícil de entender.
Retratar
Quem não ouve,
Para repetir o que ouvir
E dar alento a essa falta
E manter a ilusão
De que o ouvir
Ou não ouvir,
Não importa!
Manter essa ilusão
Como uma verdade
Inconsciente ou não.
Retratar, revelar,
Mostrar no rosto
Um outro rosto
E esquecer os outros rostos,
Perdidos na noite
Escura e agreste
Dos silêncios,
De quem não ouve
De quem não sabe…
Que não torna
A Ouvir!
Retratar sempre e sempre
E amar!
Maria Luísa Adães
Quarta-feira, 15 de Abril de 2009
Imagem Internet / Salvador Dali
Pedi um ramo de rosas
Vermelhas
Sensuais,
Salpicadas de orvalho,
Ardentes,
Como nós somos.
E tu de olhar solene
Recusaste sem falar,
As rosas vermelhas
Do meu sonho
De encantar.
Recusaste,
Não analisaste
Indiferente
Ao meu pedir,
Por eu escrever
Sobre as rosas
Do meu jardim
E não escrever
Do meu amor por ti.
Recusaste,
Olhaste em frente
Absorto
- E que viste?
Rosas de várias cores
Desfolhando luz e amor
No jardim de mil tons,
Mas sem o calor
Das rosas vermelhas de cor,
Do meu amor sensual, ardente.
E faço gáudio
Em ter rosas vermelhas,
Como o sangue
Que grita,
Como o sensual
Que exalta
E nos lembra
O primeiro amor,
Feito de fogo e dor.
Mas nunca mais esquece,
O calor daquele fado
Que canta, sem cantar,
E o que se escreve
Sem escrever.
E por tudo isso
Recusaste,
As rosas vermelhas
Que te pedi.
Que cruel foste,
Meu amor!
Maria Luísa Adães
Terça-feira, 7 de Abril de 2009
Imagem Internet / Salvador Dali/ Paixão de Cristo
Há tudo,
Nada vou dizer
Nada há nada a saber!
Mas há tudo a sentir!
Apenas sentir,
Melhor do que dizer
Dizer não me pertence,
Está-me interdito
O dizer…
Apenas escrevo,
Coisas simuladas
Escondidas,
Dispersas,
Não dão para entender!
Assim eu vivo,
Entre a verdade e a ficção
Numa forma de dizer
Que não é minha!
Me foi imposta
Por alguém
Há muito tempo
E eu não sei quem.
- Foste tu?
Que olhas para mim
De olhar fugidio e cúmplice
- Foste tu?
Lá ao fundo, a plataforma
Onde todos vão passar,
Brilha com fulgor Diamantino.
Porquê lutar?
A plataforma flutua
Esperando
Uma vez mais…
Ou a culpa foi minha
Por te ter aceitado,
Amado e acreditado em ti?
Que instante de loucura
Mas quem sabia?
Ninguém sabia,
Nem eu sabia!
Este, aquele e o outro
Para lá caminham,
Oscilando,
Tremendo,
Gemendo,
Mas descem
Como todos os outros.
Há tudo a oscilar
Há tudo a sentir
Há tudo!
A barreira afunda,
Vem ao cimo,
Flutua
E me puxa
E eu olho
E vejo tudo,
Não falta nada!
Mas te peço,
Não venhas comigo
Meu amor,
Não te percas
Neste caminho de dor,
Não quero que aconteça
Contigo!
Há tudo!
Não há nada a dizer,
Não há nada a saber.
Não venhas,
Não me sigas,
Esquece-me
E vive,
A tua Vida!
Um dia,
Talvez te conte
E tu entendas.
Um dia,
Quando eu entender!...
Maria Luísa Adães
Quinta-feira, 2 de Abril de 2009
Imagem internet/ Salvador Dali/ Escultura
Partilhei contigo
Todas as coisas,
Todas as dificuldades,
Todos os anseios,
Todas as dúvidas.
Partilhei contigo!
Toda a nossa vida,
Todos os nossos sonhos,
Todos os momentos
De exaltação íntima,
Todos os esplendores
Das rosas luminosas,
Do nosso jardim.
Partilhei contigo!
O desgosto,
A mágoa,
A incerteza,
A alegria,
Os lutos que surgiam,
No nosso dia a dia.
Partilhei contigo!
Toda a minha ânsia de amar,
De concretizar esse amor,
De dar, de acalmar
De distribuir
De chorar e de viver,
Com alegria.
Partilhei contigo!
Agora chegou a minha vez
De partilhares comigo,
As dúvidas,
As incertezas,
Os medos
Deste instante
Que se avizinha,
Menos feliz
Menos exuberante,
Mais preocupante.
Te peço!
Partilha-o comigo,
Com o teu encanto
E a luz diáfana
Que Deus te deu
Neste instante,
Onde Tudo desapareceu.
Agora preciso de ti!
Que partilhes comigo
Este momento de dúvida
E de dor,
Partilha comigo,
Sê meu amigo
Eu partilhei contigo!
É um momento preocupante,
Partilha-o comigo
Como eu tenho partilhado contigo.
Este tempo de expectativa
Que angustia
Qualquer Um!
Vem e sê meu amigo,
Preciso de ti!
Maria Luísa Adães