
A Concertina tocava!
Um cãozinho pedia
Uma esmola
Não para ele,
Para aquele
Que nele mandava.
A concertina tocava!
Como contar
Que se passava
Naquele viver
Triste a impontar.
A concertina tocava!
Deslocada nesta Cidade
Não pertencia à Cidade,
Pertencia àquele que tocava
E ao cãozinho que pedia
De olhos tristes
A quem passava!
Olhei,
Parei,
Analisei,
Senti,
Chorei …
E ele continuava a tocar
Não sei que toada
E o cãozinho cumpria
Um destino
Que não lhe pertencia!
Eu parti amargurada
Sem saber que fazer
E não fiz nada!
A concertina tocava!
Não sei que melodia
E eu derramei lágrimas
Escondidas
Contidas
No meu ser,
Mas nada pude fazer!
A concertina tocava!
Eu de olhos tristes
Chorava,
O rapaz tocava
O cãozinho pedia
Nada sabia,
Do tempo
Que se aproximava!
E se o mundo sorrisse
E nos desse a mão
E nos conduzisse?
Que bom seria …
Era Natal!
Nada mais havia
E ele e o cãozinho
Nada sabiam …
Esperavam travar
O seu próprio Destino
Ao som,
Dessa concertina que tocava!
E tudo passava
E poucos ouviam
O som,
Daquele instrumento
Que pedia!...
Era Natal! …
O Amor
Seria o Principal,
Naquele dia…
Só a concertina gemia
E acompanhava
Os que pediam!
Maria Luísa Adães