Tudo passa e se renova.
Não há hora derradeira e final.
Há, apenas, a mudança da Vida … O passar de Gerações.
Tu ficas!...
Apenas muda o cambiante das cores e o Vento traz uma canção diferente … E o Mar fica gritante e dorido; adivinha a mudança.
As formigas recolhem ao celeiro. Não as vejo caminhando nas pequenas estradas, feitas por elas.
As cigarras deixaram de cantar … não têm casa nem sonhos a realizar.
E conhecendo este Mundo, vivendo dentro Dele, sinto a Verdade sem nuances – apenas a Verdade Real – mais um Verão passou;
O OUTONO voltou …
Tons dourados espalhados pela Serra, espelhados no Mar.
Aguardo o renascer; o Princípio, o Fim, constantemente renovado e DIZENDO … NÃO HÁ FIM … mas o renovar do Tempo.
E ela a Serra mais o Mar e o Vento falam de Amor, cada vez mais, Amor …
Com eles, o Mundo dos Homens liberta-se da dor e da amargura.
Serra, nada te pode agredir!...
A Grandeza de Deus transmite-se na metamorfose das Estações.
Espero a Tua vinda; És o meu bordão nesta viagem do tempo.
Neste livro dedicado à Serra, ao Mar, ao Vento e ao Mundo que Os rodeia, quero dar tudo quanto sei e a projecção do que serei.
Em solidão vivo … Aguardo o Teu chamar … e nesta espera assisto à transformação da Natureza e entro num Mundo Real de palavras ditas e sentidas. Numa outra dimensão eu vivo, enquanto escrevo.
Sinto no Ar a diferença … O Mar tomou a cor do Infinito, as águas mais azuis e frias, no contraste desta Serra, onde a beleza se mistura ao Milagre do Amor.
As nuvens correm minúsculas e brancas; as cigarras descuidadas, encantadas, cantam; as formigas trabalham apressadas.
Tempo de todos; a nostalgia passou; a alegria voltou; o Verão entrou.
Que procuro mais? Se nada encontro igual a este instante sereno e cálido?
Sou – sei – pequena nuvem fragmentada, docemente diluída por um vento quente e suave.
O Vento cantante, desta Serra … deste Mar.
Estou na Serra; na nossa Serra … Nossa Mãe.
Eu e Tu …
Sentimos o perfume das flores; olhamos as árvores e elas apresentam outras cores … mais vivas e alegres.
O Ar à nossa volta é mais leve; o Vento tem uma voz diferente.
Há mais barcos sulcando o mar. Barcos de todos os tamanhos e de todas as cores.
As nuvens correm traçando desenhos ao nosso gosto. Ligeiramente acinzentadas e brancas, como Anjos da Corte de Deus.
Descem da Serra, misturam-se ao Mar.
Olhamos o cimo e lá se encontram as Sentinelas, vestidas de outros tons.
Os habitantes da Serra saíram das grutas e retocam as árvores e as flores. Trabalham na beleza da Serra e ela, debruça-se olhando o mar e sente-se brilhante e feminina; e gosta… a juventude está igual a ela própria, reflectida no imenso espelho à sua frente. Fonte da Vida, de limpidez angélica.
Sinto-me feliz no descobrir de Tudo, quanto não seria possível ver – sem Ti…
Aquele Amigo diáfano caminha na areia da praia; não foge; flutua nas suas asas da cor do mel e do leite, qual Querubim brincando.
E sei! A Primavera voltou … O Inverno passou!...
Estou sentada nas tuas areias; as ondas do teu mar batem de forma diferente; narram histórias de outras praias …
Têm voz de sofrimento …
Eu estou à Tua espera!
Ao longe um barco passa … Lentamente afasta-se e procura outro lugar. Eu ouço a canção só Tua, vinda daquele Mundo misterioso.
Alguém se aproxima … É a projecção da Serra em Ti e o alento em mim.
Os Teus pés afundam-se na areia da praia; suavemente caminhas e sinto um receio, incontido, que Te diluas de forma subtil e não Te veja mais.
O Inverno bate à nossa porta; tudo pode acontecer.
Beleza nas brumas da manhã e no cinzento da tarde.
Ignoras os meus passos, a minha sombra, misturada de outras sombras.
O Mundo da Serra esconde-se nas várias grutas, conhecidas e desconhecidas; aguardam o passar do temporal de vozes que gritam e clamam e por vezes, destroem as Almas.
Fico e espero … Por Ti … Apenas por Ti …
Volto, lentamente, o meu olhar para ti
E digo sempre:
Não há nada igual no Mundo,
Esta Serra
Este Mar…
E, por vezes, a canção do Vento.
Olhei a Serra
Reparei no Mar
Ouvi o Vento
Extasiou-me de beleza
Deixou-me sem respirar
E senti a diferença
Entre esta Serra
E outras Serras
E sei!...
Não deixo ESTE LUGAR!...
Apresento a Serra, o Mar, o Vento, as criaturas minúsculas habitantes das matas e tudo quanto a circunda.
Tudo é verdadeiro neste contexto em que as personagens se movimentam longe dos olhares humanos.
Elas vivem nesta Serra e nos momentos de tormenta procuram refúgio, bem junto, àquele coração pulsante.
Assim, dão Vida de forma plena e simples ao Amor e Harmonia;
Nos caminhos atapetados de mil flores e simbolismos eternos, anunciam a existência de Deus.
Predomínio cativante, terno, belo e poderoso _ O Real e o chamado Irreal _ o Visível e o Invisível _ não menos verdadeiro _ impossível de contestar e difícil de esquecer.
Maria Luísa Maldonado
Numa análise feita pelo Dr. A. Matos Fortuna ele diz:
Mais que um trabalho intelectual, este livro Arrábida, Serra, Mar e Vento, corresponde a um, rosário, em toda a extensão e compreensão significativa e simbólica dum rosário de poemas e todos eles, do primeiro ao último, se reportarem à Arrábida e, como Vitorino Nemésio anotou, “A Arrábida não é deste mundo. Depois dos cabreiros, é dos eremitas e dos poetas”.
Quinta do Anjo – Casal dos Cantos
(Parque Natural da Arrábida)
Vésperas de S. Tiago – 2000
Este Livro encontra-se exposto na Biblioteca do “Convento da Arrábida” com autorização da “Fundação do Oriente”.
Obrigada,
Maria Luísa.
Tomo a liberdade de terminar o resumo, de algumas partes deste Livro que nos aparece com o título, “OS SETE DEGRAUS.
O Livro principia por uma Descida ao fundo de uma gruta de sete degraus;
Entra num plano labiríntico quando da Subida e procura regressar à Serra Mãe – Ponto de partida – local de chegada.
Caminha no Mundo do Sonho à Luz do Sentir e testemunha acontecimentos vividos ou por viver – faz-se, assim, transportar a uma outra DIMENSÃO. Talvez mais suave ou mais agreste … depende do entender daquele que se der ao esforço, de o ler.
Os SETE DEGRAUS falam de uma literatura aberta ao mundo que procura não se exilar do contexto do mundo.
Aceita a Verdade e o Mito – e faz do Mito a maior de todas as verdades e de todas as virtudes.”
Obrigada,
Maria Luísa Adães
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