Sexta-feira, 31 de Julho de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí
Reparei em ti
Quando te vi
Quando te olhei.
Reparei em ti
E perguntei a mim
O porquê desse reparo.
Reparei em ti
E me lembrei
De alguém ou um lugar.
Reparei em ti,
Na tua forma
De dar.
Reparei em ti
E pensei,
Te posso amar!
Reparei em ti
E reconheci em ti
A minha forma de estar.
Reparei em ti
E senti e reconheci
O meu Altar.
Reparei em ti,
Olhei para mim
Através de ti.
E reconheci
Finalmente percebi,
Esse olhar fixo em mim.
E descobri,
O meu olhar no teu olhar
E duas espelhadas, numa única.
E gostei de ti,
De te reconhecer
De reparar em ti.
Reparei em ti,
Gostas de escrever
Como a água
Que necessitas de beber.
E fiquei a saber
…Esta sou eu,
A Primeira e a Última!
Maria Luísa O. M. Adães
Quinta-feira, 23 de Julho de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí / Global warming
Tudo é ritmo no Universo,
Respiram as estrelas
Passeiam os astros
As águas se separam
Nas nuvens que correm.
Tudo é movimento!
O mundo é redondo,
Ligeiramente achegado
E tudo retorna
Num rodopio fugidio.
Tudo é movimento!
Por vezes no caminho
Alguns morrem,
São absorvidos por outros
Numa dança cadenciada.
Tudo é movimento!
O Espaço é Filho
Da multiplicidade do ser
Luz e trevas
Atrás o Passado
E à frente
O ignoto Futuro.
Tudo é movimento!
Absorve o melhor de nós,
Transforma esse melhor
E doa à aragem da noite
Quando a lua se levanta
A iluminar o caminho.
Tudo é movimento!
Acompanhei esse mover
E percebi
…Não há caminho,
Ele é construído
No meu caminhar.
Tudo é movimento!
Procurei Deus
E um dia
Por surpresa minha,
Me vi diante
Do Seu Portal,
Senti medo e fugi
E aí… me perdi,
Por culpa minha
E não Tua,
Mas nada parou.
O movimento continuou!
A minha vida
E todas as provas
Porque passei,
A posso doar
Pois é minha!
E pairar,
Além do Sol e do luar
E aguardar,
O movimento
Que me ajude a regressar,
Eu aprendi e sei,
Tudo é movimento!
Maria Luísa O. M. Adães
Terça-feira, 21 de Julho de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí / Forgotten
Ninguém mais cantava,
A estranha melodia
Que minha alma entoava.
E ela suplicava,
Pelo reconhecer da sua essência
Pelo ouvir seus gritos
De silêncio,
Sonolentos,
Perdidos,
Desesperados
E perguntava: -)
- Tu entendes isto que digo?
Tu estás comigo,
Ou ficaste perdido
Num outro lugar
Numa outra vida
Que nada tem
Com a minha vida?
Onde te encontras?
Ao voltar daquela esquina
Onde guitarras cantam
Um fado triste
E de pesar?
Juntei-me aos fantasmas
Da noite,
Da solidão dessa noite
Juntei-me a eles,
À sua melancolia
E a saudade permanecia
Em mim
Como melodia
Que ninguém tocava
E ninguém ouvia
Ou pressentia.
Mas eu ouvia,
Os sons dolentes
Da guitarra que tocava
Estranha melodia.
Mas só eu ouvia
E te procurava
Sem saber onde estavas.
Sem te ver,
Sem te sentir
E te desejava
Como sempre,
Ou como nunca
O tinha feito.
E amava-te
No silêncio da noite
E escutava
A voz que vinha
De dentro
E pensava ser a tua voz.
Eu era o poeta
Perdido,
Sem casa,
Sem Terra,
Sem caminho,
Sem vida.
Esquecida,
Por quem
Amava.
Chovia
E eu esperava!...
Maria Luísa O.M. Adães
Quinta-feira, 16 de Julho de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí / Surrealismo
Adoro em ti,
O teu alheamento
De mim.
Adoro em ti,
Os teus esquecimentos
E os teus devaneios.
Adoro em ti,
O tempo que me dás
Num sorriso fugaz.
Adoro em ti,
O ardor dos teus beijos
E a procura ávida dos meus.
Adoro em ti,
A falta de preconceito
A tua vivacidade
De menino ausente.
Adoro em ti,
A ausência de continuidade
Nos arroubos desejados.
Adoro em ti,
A tua sensualidade
Unindo-se à minha.
Adoro em ti,
A inocência de alguém
Que vive por si e para si.
Adoro em ti,
A liberdade que me dás
Que me é tão cara
E tanta falta me faz.
Adoro em ti,
Não olhares os meus versos
E me amares
Como se eu não fosse poeta.
Adoro em ti,
As imperfeições que encontro
E não me dares nada em troca.
Adoro em ti,
Essa forma de dar
E nada dar.
Adoro em ti,
Não reconheceres o que sou
E estás certo, eu nada sou.
Adoro em ti,
Tudo quanto eu amo
Tudo quanto eu chamo
De Vida!
Adoro em ti,
O clamor do insano
Nas horas certas.
Adoro em ti,
Não te lembrares de mim
Quando te chamo.
Adoro em ti,
Tudo quanto sou
Tudo o que esqueço
Tudo o que pretendo
E não tenho!...
Adoro em ti,
O me esquecer
De mim
E dos outros
E do mundo,
Ao qual pertenço.
Adoro em ti,
O te esqueceres de mim,
Agora e sempre.
Adoro em ti,
Esse amor
Por mim!
Maria Luísa O. M. Adães
Segunda-feira, 13 de Julho de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí
Morri de saudade,
Dispersos estão meus pedaços
Por lugares nunca encontrados
No caminhar de meus passos.
Ninguém me pode impedir
De amar, de sentir, de sofrer
Ou me alegrar,
Pela minha liberdade.
As cítaras do meu pesar
Continuam caladas,
Não sabem tocar…
Ninguém me pode molestar
Ninguém me pode julgar
Ninguém me pode acusar!
Maria Luísa Adães
Quarta-feira, 8 de Julho de 2009
Imagem Internet/ Salvador Dalí
Era noite,
O ar respirava
As almas vagueavam
No silêncio
E no escuro da noite.
Nada se movimentava,
Apenas eu caminhava
Ao encontro de mim,
Ao encontro de ti,
Ao encontro da vida
Que se me deparava.
Nada se movia,
Os corações não cantavam
E guitarras ao longe
Não soavam…
Era a noite fantasmagórica
De um local que não dormia
Não se expandia
Não dizia…
Perplexa e tímida
Eu te procurava,
No silêncio secular
De uma noite encontrada.
E não te via
E não te vislumbrava
E não sentia,
O mover de pessoas
Nessa estrada
De noite cerrada.
Era uma estrada
Só minha,
Eu caminhava
Procurava
A melodia que encantava
E não encontrava,
Apenas o silêncio se ouvia
Em tom brando,
Cauteloso,
Fugidio
E não se mostrava.
Eu nada via
E procurava no desespero
Que sentia
E não parava…
A alma partia-se
Aos pedaços,
Eu não apanhava
Esses pedaços,
Ninguém me ouvia
E a noite escondia.
Eu andava nessa noite
Onde estrelas não brilhavam,
Apenas sussurros
Caminhavam escondidos,
Nos silêncios e nos medos.
E tu onde te encontravas
E não me procuravas?
Quem és tu
Que eu desconheço?
Pois te perdi
Dentro de mim
Fora de mim
E não apanhaste
Os pedaços dispersos
Da minha alma
Que perdi,
Ao longo dessa noite…
Meu amor,
Onde estavas
Onde te encontravas?...
Maria Luísa adães