Domingo, 29 de Julho de 2007

ENCONTRO

 

  

Levanto o olhar e à minha frente de cabelos desalinhados e olhar azul penetrante – está o POETA – sem jugo e sem algemas. Vestido de silêncio, placidez comovente, testemunha do meu sonho nas horas do poente…

 

- Quem és tu?

 

- Sei com quem te pareces, mas vens de um lugar diferente e eu pressinto no soluçar do vento a tua SOLIDÃO.

 

- És um poeta esquecido, não traduzido, não lido e relido – não compreendido – És um poeta esquecido!

 

E interrogo o ar que me rodeia, o vento e o mar – como é possível que um sopro na esfera de DEUS e as folhas de livros dispersos – não seja lido, estudado e entendido? Que mundo tão estranho – o meu e o Teu!...Aceito o teu silêncio, feito das palavras do teu ser…Entendo o teu passo cadenciado, o teu pobre fato e a riqueza estonteante do teu dizer.

Ficas no meio das nuvens que se movem e se misturam às sombras e tornam à luz e desenham os CONTINENTES deste Planeta.

 

- Não temas por mim!

Deixa-me escrever as razões do meu tempo, entregue a mim mesma, dentro deste SONHO e tal como Tu – ESQUECIDA!

publicado por M.Luísa Adães às 15:13
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TERRA PROMETIDA

 

 

Neste momento sei que no meu sonho voei um pouco longe e vejo uma cidade intacta – diferente de todas as cidades – banhada por um lago, ou talvez um mar…de cor azul igual ao infinito – sem nuvens – limpo e belo.

Rodeada do sol abrasivo do deserto e de crepúsculos vermelhos. Incontestada! Guerras constantes – muito ao longe – nunca sanadas – mercê das DIFERENÇAS RELIGIOSAS e dos INTERESSES DOS GRANDES MAGNATES.

 

Sempre o poder a obscurecer a limpidez do amanhecer!

 

Gota a gota se vai amortecendo a sede da terra; gota a gota se conserva essa mesma terra – UM DIA PROMETIDA – a todos quantos a habitam.

Dividida por crenças religiosas, vai sendo reconstruída e destruída numa espécie de filme repetido.

Fala-se nos GRANDES PALÁCIOS da PAZ necessária, mas nos bastidores a morte espreita as suas presas e leva-as de FORMA SÉRIA.

 

Mas TU, venceste o deserto e os pântanos e os transformaste em campos verdes e terra fértil…quantos cuidados!...A guerra alastra e divide-se como um grão de areia em milhões de pedaços. E a PAZ tão necessária, perde-se neste deserto banhado por quatro mares…Tão cobiçado!

 

Mesmo numa outra dimensão não posso descer!

 

Parto e levo comigo a tua Lembrança que me acalenta e seca as minhas próprias lágrimas!...

publicado por M.Luísa Adães às 13:12
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EXPERIÊNCIA

 

Deito a minha rede ao mar, mas sou levada pelas ondas enraivecidas. Tenho de lutar e tentar salvar-me. Ao longe vejo uma bandeira a ensinar como voltar. Elevo-me acima das ondas prontas a devorar. Lembro-me da minha corda tecida de mil flores agarrada ao meu corpo e prendo-me aos rochedos próximos e lentamente, com esforço subo às enormes falésias da praia. Liberto-me do Oceano e salvo-me, dentro do meu sonho, da minha outra dimensão!

 

Olho as ondas alterosas e vejo um SUBMARINO a afundar; compreendo a ira do mar!...Uma EXPERIÊNCIA falhou! Duro e trágico é o momento!...O CAIXÃO METÁLICO afunda-se; e ELES MORREM sem culpa; ignoram as grandes teses e os conflitos de interesses!

NÃO VOLTAM!

Fazem parte de um episódio a contar e a esquecer! NÃO VOLTAM! Ás areias da praia, às PORTAS DA CIDADE, ao LAR…Gente SIMPLES sem o direito de viver!

Ficam dentro do túmulo, no fundo do mar, VESTIDOS DE CERIMÓNIA, como se fossem celebrar uma vitória.

…Quantas vidas perdidas aos pedaços partidas e mais ESTRELAS no infinito a aguardarem a madrugada.

 

Abalaste o meu sonho e deste-me um pesadelo! Eu estou de mãos vazias e coração solitário!

 

Possam as lágrimas fazer brotar as flores da PRIMAVERA nos lugares escondidos desta TERRA!...

 

Parece-me que este acontecimento se deu no mar de Barents, mas não tenho a certeza…Mas foi verdadeiro! Eu sei!

Ergo a minha TAÇA e os SAÚDO! Possa Deus AJUDAR! 

publicado por M.Luísa Adães às 13:06
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Quinta-feira, 26 de Julho de 2007

CATARATAS

 

Descubro no sonho que posso voar…Ver do cimo o labirinto e escolher onde vou descer! E mais tarde encontrar o meu lar, a minha vida! Talvez volte a sonhar…Quem sabe?

Sonhar não é assim tão mau!...Vejo do cimo terra vermelha cheia de arabescos, como se fosse pintada; parece-me reconhecer o lugar…

 

Desço naquele pedaço de terra de uma beleza invulgar. Vejo O VERDE MATIZADO – difícil de pintar. Muito perto a floresta mostra quedas de água caudalosas; correm em cataratas saudosas do seu verdadeiro leito…Destruído pela técnica, em nome do conforto HUMANO.

 

Naquele local existiu gente pura e simples; terra semeada, o gado a pastar; não existiam fronteiras. A água inundava o lugar – longe das agressões e da guerra… Hoje pertence à fronteira de três países…dividido, algemado em turbinas…limitado, na sua forma gritante de liberdade. Milhares de espécies milenares foram afundados, as famílias banidas e esquecidas!...

 

As ÁGUAS APRISIONADAS levam a luz às GRANDES CIDADES, onde a miséria impera e os pedintes se amontoam em lugares SEM LUZ.

Quantos “IGUAÇUS” por esse mundo…Quantos? Quantos?

 

Afasto-me voando e junto-me às espécies perdidas, aos Índios esquecidos e ultrajados – à falta de AMOR…

E continuo a caminhada …E sinto não estar longe do meu ponto de partida.

 

No mundo do sonho eu SOU LIVRE de vencer e tentar perceber as contradições e as razões da FALTA DE AMOR.

 

E Eugénio de Andrade diz:

 

É URGENTE O AMOR!

publicado por M.Luísa Adães às 19:53
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7º DEGRAU

 

Por instantes sinto o soluçar de alguém; olho e nada vejo; mas continuo a escutar esses lamentos…E sabe! O soluçar está dentro do meu SONHO! E neste sétimo degrau enriquecido com a magia da luz do sentir, encho a minha taça, elevo-a acima de mim para brindar à VITÓRIA e agradecer o que sou.

 

 

Os degraus da gruta terminam e a plataforma torna-se plana e labiríntica. Fujo da nostalgia do entardecer! E no terreno plano eu vou reconhecer o LUGAR, onde o sétimo degrau me deixou…Isso eu vou fazer!

 

publicado por M.Luísa Adães às 12:18
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Segunda-feira, 23 de Julho de 2007

6º DEGRAU

 

Ao longe vejo uma Ermida, cuja porta está aberta. Aproximo-me de duas figuras que parecem esculpidas na pedra – mas são verdadeiras e prontas, a contar das suas vidas…

 

O silêncio é retido e as ORAÇÕES de louvor, constantemente, repetidas

Por alguém, vestido de branco, com um capuz a esconder a face. E os pensamentos do monge estão gravados nas pedras da ERMIDA! HÁ UMA ATMOSFERA DE AMOR!

 

Olho as primeiras figuras e canto com Elas e com o Monge, numa acústica perfeita…As portas fecham-se…Não deixam entrar o MAL DO MUNDO, à volta da Ermida.

E o homem Santo que a habita não pode abrir o portal por compaixão, pois o sacrílego entra e pode levá-lo…E ELE NÃO VOLTA!

 

LUGAR SAGRADO, habitado por dois Santos e um Monge de capuz, vestido de branco.

 

Respiro o ar Não Maculado e vou lembrar as três figuras verdadeiras e puras. NÃO OS VOU ESQUECER!

Vou lembrar, a todas as horas dos meus dias!

 

Adeus meus AMIGOS!

   

publicado por M.Luísa Adães às 15:14
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Quinta-feira, 19 de Julho de 2007

5º DEGRAU

 

Estou no quinto degrau! Sinto-me flutuar pela vibração que estremece, tudo à minha volta.Entro no patamar e vejo uma terra verdejante, onde as flores de mil tons me falam, através das suas pétalas.

Vejo ao longe…uma casa; parece-me familiar a relembrar o passado. Dou pressa ao meu caminhar! Abro a porta e vejo OS DA MINHA SAUDADE!

Canto a minha ALEGRIA.

 

Reconhece-os e digo quanto estou cansada! Peço ajuda para terminar esta jornada no mundo do SONHO. AS LUZES são difusas, leves e brandas…

O encontro é doce e suave! Acendem uma pequena fogueira e aquecem-se a esse calor natural.

Lá fora o caminho abre-se e as fontes despontam puras e simples, o verde dos campos, a floresta delineada; lugares marcados com animais saltitantes a ensinarem a CAMINHADA. O chão deixa de ter lama!

 

Todos quantos amei encontram-se no quinto degrau, numa só casa. O AMOR e a UNIÃO são as leis pelas quais se regem. E lembro Eugénio de Andrade quando diz “ É URGENTE O AMOR”…

Mas sinto a necessidade de partir e um dia voltaria, na HORA ESCOLHIDA…

 

Choro por OS DEIXAR! Mas nada me é permitido fazer!

Volto o olhar e sei…Vou procurar o sexto degrau!

 

publicado por M.Luísa Adães às 11:51
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Quarta-feira, 18 de Julho de 2007

4º DEGRAU

 

Ouço o murmúrio de vozes…Estou numa colina e sinto à distância os pontos obscuros, onde o BRILHO DA NOITE FASCINA.

Vejo um palco e pessoas com máscaras e sei…os artistas representam o riso e as lágrimas.

 

É-me dada uma mascara colorida. Olho o espelho e estou TRANSFORMADA!

Desconheço esta gente, mas tal como eles represento a minha personagem.

 

Em passos leves caminho, mas sou apanhada pela multidão que dança e canta em LÍNGUA DESCONHECIDA.

Eu danço com eles neste mundo escondido, onde a alegria parece ser A MAIOR VIRTUDE.

Gente que representa a Verdade…Tão DIFERENTE DO MEU MUNDO…

 

Tenho de abandonar, com pesar, as máscaras alegres que rodopiam sem cessar e continuar a descida e encontrar…O QUINTO DEGRAU…

 

publicado por M.Luísa Adães às 13:04
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Quarta-feira, 11 de Julho de 2007

3º DEGRAU

Escadas de pedra, um lago ao fundo; um pequeno barco e ao longe uma floresta interminável.

 

 

As pessoas acumulam-se - pretendem chegar ao pequeno barco; atravessar o lago; encontrar a floresta. Mas o barco é pequeno e ao ser tomado com precipitação vai afundar-se e assim, destrói a esperança de atingir a floresta. O medo domina e a incerteza não dá felicidade!

Parece um mundo impuro e perdido...

A passagem para o outro lado está fechada.

 

Tudo é estranho e ao mesmo tempo parecido com alguma coisa que já vi...Multidões escorraçadas das suas terras, por uma guerra religiosa ou  um chamado Ideal Politico.

Ideal? Estranha palavra para definir o medo e a fuga!...

 

E este lugar onde me encontro rodeada desta multidão faminta, da qual faço parte, parece-me um pedaço minúsculo do mundo donde venho. Que sonho complexo!

E digo:

 

- Caminhem sem receio!Vamos contornar o lago, fugir aos pantanos e entrar em lugar seco e seguro.  Esqueçam o barco, libertem-se do medo e tentem chegar às vossas casas e reconhecer

o conforto da família.

 

A multidão parou...escutou o som desta voz!...

E segui com eles, misturei-me às suas vidas, naquele local TÃO

DISTANTE.

E num milagre de Amor, atingem a floresta...Deixo-os caminhar ...

na procura dos vários caminhos (só deles) e eu fico...Olho a

DISTÂNCIA...E procuro o quarto degrau!

Adeus meus amigos...não me conhecem, mas eu peço por vós!...

publicado por M.Luísa Adães às 14:19
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2º DEGRAU

Caminho na plataforma e desço ao segundo degrau.

O silêncio continua a ser uma constante.

Encontro-me próximo a uma coluna de mármore;

Vejo uma vereda estreita, pouco definida. Pessoas

passam por mim. Olham o vácuo onde o nevoeiro

pouco dá a conhecer …Junto-me a, eles … tento

falar, travar um diálogo de amizade, mas calam-se

amedrontados pela misteriosa solidão.

 

A vida parece não existir – mas Existe! – Ouço a minha voz gritar esta verdade … e o som vai desencadear uma sucessão de ecos. Sinto a saudade da minha poesia; daquele canto e encanto … e ainda dos sonhos onde todos são iguais.

 

De repente sinto-me presa a uma corda tecida de flores; lentamente, sem aflorar o chão fixo as flores junto ao meu corpo; é um amparo com o perfume da Primavera. Deixo-me levar e interrogo o Ar! Quem me mandou a corda feita de mil flores? Talvez Tu que me amas e me ajudas a entender o sonho e a realidade!...

 

As pessoas continuam aquele caminhar – umas com arrogância; outras sem rumo e sem esperança … Todos iguais – mas sempre divididos. E não lutam pela verdadeira subida!

Feita de união! Eles não sabem … mas só o amor os pode salvar!...

Olho o cimo tão distante, mas continuo a descer … sem saber, sem lutar, sem sofrer…

Fixo o meu olhar e vejo e sinto …e penso … Este é o terceiro Degrau!

Encaminho os meus passos e com cuidado … afloro o patamar e olho as escadas de pedra … à minha frente! E continuo a descer…nada pode alterar o meu sentir!

publicado por M.Luísa Adães às 11:42
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Quinta-feira, 5 de Julho de 2007

1º DEGRAU

 

O nosso amor

fica no cimo das marés

qual farol a iluminar

o nosso mar

símbolo de duas vidas

prontas a voltar! ...

 

 

Meu amor,

 

 

te dedico estas palavras!

 

  

Dos sonhos apenas sei o dizer  da Ciência e a forma linear como os apresenta.

 

 Vou mostrar a uma outra luz - À LUZ DO SENTIR - os acontecimentos de um tempo impossível de prender e fixar... e um dia contar.

Mas VOU ENTRAR no Mundo do Sonho!

Levo a minha música, os meus livros, o meu sentir, a minha verdade, o meu acreditar!

Dou vida à VIDA, mesmo num sonho, e testemunho essa doação! Assim tu possas acreditar e encontrar, os teus próprios sonhos!

 

Desço ao primeiro degrau!

 

Tenho consciência da realidade olhada à distância;

tudo posso encontrar - luz e sombras - mais abaixo o mar tormentoso a envolver-me em ondas lamacentas.

 

 E avisto um Templo... onde se suplica a um Deus - feito à medida dos interesses, de cada um.

Mais abaixo, os famintos, distanciados do Templo não entram;

os portões estão fechados ... o amor não existe... e o Ar não sorri, nem se dá.

E eu continuo, como testemunha, desta descida de SETE DEGRAUS.

 

publicado por M.Luísa Adães às 19:37
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